Há milhares de anos, o território que atualmente é Portugal já era habitado e as suas fronteiras enquanto país foram definidas há oito séculos. Esta longa história reflete-se numa cultura particular que resulta do encontro de muitos povos que por aqui se estabeleceram.
Encontra-se nas aldeias e nas cidades, nos monumentos e nas tradições, onde se foram juntando influências que os portugueses aplicaram com criatividade. E o mar, sempre tão presente, também moldou a nossa personalidade e levou-nos além do continente europeu, permitindo aprender e partilhar com o resto do mundo.
A arte manuelina, os azulejos e o fado são expressões únicas e símbolos genuínos dos portugueses mas também um contributo para o Património Mundial. Só em Portugal, já foram efetuadas 18 classificações pela UNESCO, entre monumentos, paisagens e património intangível.
Escolhendo uma região, um itinerário ou um tema específico podemos descobrir um património único e paisagens diferentes a curta distância, onde ainda se mantem a autenticidade dos costumes locais. A gastronomia tradicional e a habitual hospitalidade do alojamento no espaço rural complementarão o passeio na perfeição.
Cultura Top 10
A cultura portuguesa está ligada à localização geográfica e percurso histórico do país. Portugal é a mais antiga nação da Europa e a sua abertura ao mar lançou-a nos Descobrimentos. O seu património cultural foi marcado por influências de África, América, Ásia e dos povos que aqui viveram antes da fundação, assim como o caráter afável e acolhedor dos portugueses.
Património Mundial
Portugal tem 17 núcleos classificados como Património Mundial, que abrangem monumentos, centros históricos de cidades, paisagens e património imaterial. Nos “conteúdos relacionados”, abaixo, encontra informação sobre cada um deles.
De destacar que antes da classificação de Sintra não havia a categoria de Paisagem Cultural,criada pela Unesco para aplicar a uma Serra e um Parque Natural de natureza exuberante, salpicados de palácios e quintas recheados de história e cultura.
Azulejo
É uma presença constante na arquitetura portuguesa e em nenhum outro país reveste tantos exteriores e interiores de casas, igrejas, palácios, etc.. De origem muçulmana, começou a ser produzido em Portugal no fim do séc XV, mas atingiu maior produção no séc. XVIII, com o azulejo azul e branco.
No Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, ilustra-se a sua história, mas basta andar de comboio pelo país, visitar cidades ou andar no Metro da capital para apreciar belos exemplos desta arte decorativa tão característica de Portugal.
Estilo Manuelino
Quando em toda a Europa se construíam catedrais góticas, em Portugal introduziram-se na arquitetura e escultura elementos de inspiração marítima e símbolos do poder real, como a esfera-armilar, no que veio a ser conhecido como estilo manuelino. Assim designado por ter tido início no reinado de D. Manuel I (1495-1521), época magna dos Descobrimentos portugueses, este estilo tem como maiores exemplos o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, o Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo, mas em todo o país se podem encontrar construções e decorações de sabor manuelino em igrejas, palácios, pelourinhos e até na arquitetura civil.
Barroco
O barroco é sinónimo de esplendor e ostentação vividos sobretudo no reinado de D. João V (1707-1750), quando o ouro e pedras preciosas vinham do Brasil e começou a exportação de vinho do Porto. Foi marcado por grandes obras, como o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres de Lisboa ou a Biblioteca da Universidade de Coimbra, mas está presente em todo o país, como nos templos forrados a talha dourada e azulejo. No norte destaca-se o nome de Nasoni, que assinou entre outros a Torre e Igreja dos Clérigos, no Porto, ou o Palácio de Mateus, em Vila Real, mas também o encontramos, por exemplo, na faustosa coleção do Museu dos Coches, em Lisboa.
Aldeias e Cidades
Portugal é conhecido pelo seu património e arquitetura. Além das cidades do Património Mundial, entre muitas outras distinguem-se Viana do Castelo, Braga, Caminha, Barcelos, Ponte de Lima ou Amarante, no norte, Viseu no Centro, assim como Santarém ou Setúbal, mais perto de Lisboa, Tavira e Silves no Algarve, ou Funchal e Ponta Delgada na Madeira e Açores, respetivamente.
Se o românico do norte evidencia que aí começou Portugal, também os Castelos de Fronteira ou as Aldeias Históricas do Centro de Portugal testemunham quase nove séculos de história. Tal como as Aldeias de Xisto ou as muitas aldeias e vilas muralhadas, de que Óbidos, Marvão e Monsaraz são apenas alguns exemplos. No Alentejo encontramos mármores e casas térreas, caiadas de branco. Como as do Algarve, coroadas de açoteia.
São muitos os arquitetos contemporâneos que elevam bem alto o nome de Portugal, mas basta referir os detentores do Prémio Pritzker: Álvaro Siza Vieira recebeu-o em 1992 e Eduardo Souto de Moura em 2011.
Espaços sagrados
De norte a sul de Portugal e ilhas, são muitos os espaços sagrados que merecem visita, mas culminam todos em Fátima, com o culto a Nossa Senhora. Entre tantos que se poderiam enumerar, refiram-se as Sés de todo o país, que remontam quase todas ao período da fundação de Portugal, mas acompanharam os movimentos artísticos posteriores. Excluindo os templos mais famosos e visitados, vale a pena destacar a expressão rural dos “Impérios” ligados às Festas do Espírito Santo nas ilhas dos Açores e ainda as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, na ilha de S. Miguel.
Do tempo dos mouros restam-nos poucos vestígios do culto sagrado, mas a vila-museu de Mértola, no Alentejo, é uma exceção que merece visita.
Temos felizmente muitos vestígios doutra crença religiosa, o judaísmo, com marcas medievais um pouco por todo o país, como na antiga sinagoga de Tomar, e especialmente junto à fronteira com Espanha, nomeadamente em Belmonte, Guarda, Trancoso e Castelo de Vide.
Fado
O Fado é Património Imaterial da Humanidade desde 2011. Esteve durante muitos anos ligado ao nome de Amália, mas hoje é tão grande a nova geração de fadistas, que Mariza, Gisela João, Camané, Carminho ou Ana Moura são apenas alguns dos nomes mais conhecidos internacionalmente.
Para o sentir em toda a profundidade, nada como ouvi-lo numa casa de fados, à luz da vela e da emoção das vozes e da guitarra portuguesa. O Museu do Fado, em Lisboa, também é um bom local para se familiarizar com esta música tão característica de Portugal.
Literatura
Portugal é conhecido como um país de poetas. A nossa poesia teve início ao mesmo tempo que a nação com a poesia trovadoresca, mas subiu a um patamar cimeiro da epopeia, no Renascimento, com a publicação dos Lusíadas, em que Luís de Camões (1524-1580) canta os feitos dos portugueses a propósito dos Descobrimentos. Já no início do séc. XX adquiriu contornos mais universalistas com a obra de Fernando Pessoa (1888-1935), o mais traduzido poeta português. Porém, foi a prosa de José Saramago (1922-2013) que conquistou um Prémio Nobel, em 1998.
Festa e Festivais
Portugal, sobretudo no verão, fervilha de festas tradicionias, como em Viana do Castelo, Tomar, Campo Maior, ou na Festa da Flor do Funchal, Madeira. Não esquecendo os Santos Populares, com ponto alto em Lisboa, a 13 de junho, e no Porto, a 24 de junho.
Também os festivais vão da música rock, ao jazz, étnica... enfim, há música para todos os estilos, sendo alguns realizados em locais tão atrativos quanto os artistas em cartaz. É o caso do Festival do Sudoeste, de Paredes de Coura, do Super Bock Super Rock e do Nos Alive.
Gastronomia
Portugal assiste hoje a uma autêntica exaltação de sabores, onde novos chefs combinam produtos e receitas tradicionais com cozinha contemporânea. Cinco ícones da nossa gastronomia têm lugar de destaque: o melhor peixe do mundo; a cataplana (símbolo vivo da cozinha mediterrânica); o vinho do porto (inimitável); o pastel de nata (“doce celestial”); os nossos chefs (fundem tradição com inovação e criatividade). O que anda a par dos princípios por que a Unesco recentemente reconheceu Portugal como detentor da Dieta Mediterrânica. Além do mais, porque gostamos de receber e conviver em volta da mesa, fazendo de cada refeição um momento de partilha.
Património Mundial
Em Portugal, a cultura e o património têm caraterísticas únicas que resultam dos acontecimentos históricos e da maneira de ser de um povo que foi aprendendo com o resto do mundo e adaptando essas novidades à sua forma de estar e ao território.
Ao visitar o país vamos percebendo em cada lugar quais são esses elementos que fazem parte da personalidade portuguesa.
Encontram-se em cidades, monumentos e paisagens que de uma maneira ou de outra contam também uma parte da história do mundo. E foram, por isso, classificados Património da Humanidade.
A UNESCO já efetuou 18 classificações de Património da Humanidade, entre centros históricos, sítios arqueológicos, paisagens culturais, parques naturais e património intangível. Estes contributos portugueses para a história mundial são de visita obrigatória e um bom pretexto para conhecer o país de norte a sul.
Centro Histórico de Guimarães
Guimarães tem um alto valor simbólico para a identidade portuguesa, por ter sido aqui que Portugal teve origem no séc. XII. A cidade, muito bem preservada, reflete a evolução da arquitetura civil desde a Idade Média até ao séc. XIX. As técnicas especializadas de construção que aí se desenvolveram foram aplicadas no mundo inteiro, nas colónias portuguesas, em África e no Novo Mundo.
Centro Histórico do Porto
Todo o casario que se vê na colina descendo até à Ribeira, junto ao Rio Douro, e a zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia retratam a história desta cidade ligada à atividade marítima desde os tempos romanos. A Sé e a Torre dos Clérigos, símbolos do Porto, a riqueza dos edifícios, as igrejas barrocas, a Bolsa neoclássica tornam esta paisagem urbana excecional, herdeira de uma história milenar.
Paisagem Cultural do Alto Douro Vinhateiro
As vinhas que produzem o famoso Vinho do Porto crescem no grandioso vale do Rio Douro, a mais antiga região vinícola demarcada do mundo. As suas caraterísticas e o trabalho do Homem que moldou o vale em socalcos durante séculos transformaram-na numa paisagem única e de grande beleza.
Universidade de Coimbra, Alta e Sofia
Fundada em 1290, a Universidade de Coimbra é a mais antiga de Portugal e uma das mais antigas na Europa. Com particular incidência no séc. XVIII determinou o desenvolvimento do caráter estudantil da cidade, a nível urbano, arquitetónico, artístico e social. Disso são exemplo o Paço das Escolas, os Colégios da Graça e de Jesus, a Biblioteca Joanina, o Jardim Botânico, a Alta de Coimbra, a Rua da Sofia e as tradições e práticas académicas seculares. Desde a sua origem, a universidade tem sido um polo difusor de conhecimento científico e uma referência da língua e cultura portuguesas em todo o mundo.
Parque Arqueológico do Vale do Coa
No Vale do Rio Coa encontra-se uma imensa galeria ao ar livre de arte rupestre, ao longo de uma área com 17 km, mas com uma leitura concentrada no moderno edifício do Museu do Coa. Esta excecional concentração de gravuras rupestres do Paleolítico superior (de 22 000 a 10 000 anos a.C.) constitui o exemplo mais importante das primeiras manifestações da criação humana, até agora desconhecido a um nível semelhante em qualquer outra parte do mundo.
Convento de Cristo, Tomar
Pelo significado histórico e pela importância artística, o Convento da Ordem de Cristo e Castelo Templário formam um conjunto monumental único. As intervenções ao longo dos séculos refletem artisticamente a história de Portugal, com testemunhos da arte românica, da simbologia templária, dos estilos gótico e manuelino, próprios do tempo dos Descobrimentos, prosseguindo com a arte do renascimento, depois o maneirismo nas suas várias facetas e por fim o barroco dos ornamentos arquitetónicos.
Mosteiro de Alcobaça
É uma das mais importantes abadias cistercienses europeias, um símbolo de Cister. Foi fundada no séc. XII, por doação do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a Bernardo de Claraval. A Igreja, iniciada pela cabeceira como era prática corrente, com três naves à mesma altura, o transepto de duas naves e o deambulatório, formam um conjunto que impressiona pela simplicidade, grandeza e austeridade.
Mosteiro da Batalha
Obra-prima do génio criativo, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi erguido por vontade de D. João I, como agradecimento pela vitória dos Portugueses sobre os Espanhóis na Batalha de Aljubarrota no ano de 1385. É o grande monumento do gótico final português, onde surgiu um dos primeiros exemplos do estilo manuelino. Testemunho da troca de influências nas artes, é um dos mais belos conjuntos monacais da Europa do fim da Idade Média.
Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém, Lisboa
O Mosteiro dos Jerónimos é uma notável peça de arquitetura mandada construir pelo Rei D. Manuel I no início do séc. XVI. É considerado a “joia” do estilo manuelino, exclusivamente português, integrando elementos arquitetónicos do gótico final e do renascimento e associando-lhe uma simbologia régia que o torna digno de admiração.
D. Manuel I ordenou também a construção da Torre de Belém, concretizando uma plano inovador e eficaz na defesa do rio e na proteção de Lisboa, cruzando-a com outras estruturas defensivas à entrada do estuário. Símbolo do prestígio do Rei, é decorada com motivos próprios do Manuelino constituídos por nós, cordas, esferas armilares, cruzes da Ordem Militar de Cristo e elementos naturalistas.
Paisagem Cultural de Sintra
No séc. XIX, Sintra foi um dos primeiros locais na Europa onde a arquitetura romântica foi ensaiada. O rei consorte D. Fernando de Saxe-Goburgo Gotha, casado com a rainha D. Maria II, transformou as ruínas de um mosteiro em castelo, reunindo de forma genial elementos góticos, egípcios, islâmicos e renascentistas, envolvido por um parque de vegetação exuberante e exótica, ao gosto da época. O mesmo modelo foi seguido noutros palácios da Serra de Sintra e serviu de inspiração noutras paisagens europeias.
Fado, Património Cultural Imaterial
Cantado a solo e acompanhado por viola e guitarra portuguesa, o Fado nasceu nos bairros históricos de Lisboa - Mouraria, Alfama, Bairro Alto e Madragoa, ligado à fatalidade do destino e ao amor, cantado de forma intensa e com alma. Hoje é uma música do mundo, símbolo reconhecido de Portugal.
Centro Histórico de Évora
Évora, com origens na época romana, teve a sua idade de ouro no século XV, quando foi residência dos reis de Portugal. O seu carácter único vem das casas caiadas de branco, das decorações interiores em azulejo e dos balcões de ferro forjado tornando-a num conjunto urbano representativo de um período histórico (séculos XVI a XVIII). Os seus monumentos tiveram uma influência decisiva na arquitetura portuguesa no Brasil.
Elvas e as suas Fortificações
Perto da linha de fronteira, encontramos em Elvas a maior fortificação abaluartada do mundo, com cerca de 10 km de perímetro e uma área de 300 ha. Testemunho único da evolução das conceções estratégicas militares, integra vários monumentos: o castelo, dois fortes, três fortins, as muralhas e o grandioso Aqueduto da Amoreira, com os seus 7 km e 843 arcos.
Cante Alentejano
Cantado em coro, por grupos de homens e mulheres, sem recurso a instrumentos musicais, o Cante Alentejano é uma expressão musical única e genuína da região do Baixo Alentejo. Não sendo específico de género ou estrato social, consolidou-se desde o início do séc. XX com as classes rurais de uma região em que se desenvolveu a indústria agrícola e a exploração mineira.
Centro Histórico de Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, Açores
Angra do Heroísmo, com um conjunto arquitetónico singular, foi um porto de escala obrigatório entre a Europa e os outros continentes desde o século XV até ao aparecimento dos barcos a vapor, no século XIX. As suas imponentes fortificações, construídas há mais de 400 anos, são caso único na arquitetura militar.
Paisagem Cultural da Vinha da Ilha do Pico, Açores
Na Ilha do Pico encontramos um exemplo notável da transformação de um terreno rochoso, de origem vulcânica, aparentemente improdutivo, numa paisagem vinícola extraordinária. As encostas até ao mar, marcadas por um quadriculado de muros de pedra negra a separar as vinhas, são o testemunho do trabalho de gerações de pequenos agricultores que souberam criar, num ambiente hostil, um modo de vida próprio e um vinho de grande qualidade.
Floresta Laurissilva da Madeira
Nas encostas viradas a norte, numa superfície de 15 mil hectares equivalente a 20% da ilha, a floresta primitiva da Madeira sobrevive, resistindo a cinco séculos de humanização. Tendo quase desaparecido do continente europeu, mantém aqui as suas características subtropicais, representando a mais extensa e bem preservada Laurissilva das ilhas atlânticas.
Dieta Mediterrânica
A Dieta Mediterrânica faz parte do bilhete de identidade da gastronomia portuguesa. Na sua base encontramos produtos hortícolas, fruta, pão de qualidade e cereais pouco refinados, leguminosas secas e frescas (feijão, grão, favas, etc.), frutos secos e oleaginosas (nozes, amêndoas, castanhas, passas, etc.), o azeite como principal fonte de gordura e o consumo de peixe. A Unesco considerou-a um verdadeiro estilo de vida, destacando também o convívio, celebração e transmissão de saberes em volta da mesa.
Fado, Música do Mundo
Um xaile, uma guitarra portuguesa, uma voz e muito sentimento. Símbolo reconhecido de Portugal, esta simples imagem pode descrever o Fado, uma música do mundo que é portuguesa.
Na sua essência, canta o sentimento, os desgostos de amor, a saudade de alguém que partiu, o quotidiano e as conquistas. Afinal, os encontros e desencontros da vida são um tema infinito de inspiração.
Dizem que o fado é o fado, que vem de dentro da alma portuguesa e não há divisões a fazer. Mesmo assim, há quem arrisque a distinguir entre profissional e amador. O primeiro é cantado por quem faz da voz a sua forma de vida. O segundo, também conhecido como vadio, tem outras características, embora a natureza saudosista seja a mesma. A reaparecer nos bairros populares de Lisboa, o fadista nunca é convidado... convida-se a si próprio e não tem repertório estabelecido. Em Coimbra, o fado tem caraterísticas particulares e é cantado pelos estudantes.
Em 2011, o Fado enquanto canção urbana de Lisboa, símbolo identitário da cidade e do país, foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
Para saber todos os pormenores, o melhor é visitarmos o Museu do Fado, situado em Alfama, um dos bairros históricos de Lisboa. A partir de um vasto espólio, fruto de centenas de doações, podemos conhecer a história do fado desde o primeiro quartel do século XIX até à atualidade.
Também em Lisboa, perto da Madragoa, fica a Casa onde Amália viveu, hoje transformado em museu. Foi a mais carismática das fadistas e quem internacionalizou o fado levando-o às grandes salas europeias. Com grande presença em cena e natural noção do espetáculo, a ela devemos a imagem do clássico vestido preto com xaile.
À Descoberta do Barroco
Percorremos o país de norte a sul, com uma incursão aos arquipélagos da Madeira e Açores, para conhecer os fascinantes ícones que ilustram a “Idade de ouro” de Portugal.
Tendo chegado ao nosso país mais tarde do que ao resto da Europa, o barroco manifestou-se de forma diferente, mas sempre com grande pujança. Se nos exteriores é a espetacularidade e dimensão dos monumentos erguidos nos séculos XVII e XVIII que impressiona, os interiores surpreendem pela riqueza decorativa. Uma das suas principais características é a profusão de talha dourada e azulejos, mas também se expressa na escultura, na pintura, na cerâmica, na ourivesaria, no mobiliário ou nos têxteis.
Apresentamos quatro percursos para poder apreciar as características particulares deste estilo em cada região.
No Porto e Norte, partimos “Em Busca de Tesouros” para ver obras grandiosas em granito, com portais elaborados e interiores sumptuosos. E não falamos apenas de arquitetura religiosa, mas também dos solares, imponentes residências da antiga nobreza.
Estas casas apalaçadas encontram-se igualmente no Centro de Portugal, mas no passeio que propomos, os detalhes contam muito. “Dias de fausto e esplendor” leva-nos pelas cidades mais importantes da região para ver peças de escultura, pintura, ourivesaria, mobiliário, arte sacra e também chafarizes, jardins ou até uma fortaleza.
Já na região de Lisboa, fazemos “Um Passeio dourado”, a cor predominante no interior de tantas igrejas e palácios. Mas também poderemos ver o estilo barroco aplicado a meios de transporte, como os coches e as galeotas. Ou até no urbanismo – após o grande terramoto de Lisboa em 1755, a reconstrução da cidade foi planificada segundo uma estratégia iluminista.
E para ficarmos com uma ideia completa do país, viajamos até ao sul e ilhas. Alentejo, Algarve, Açores e Madeira possuem muitas “Preciosidades escondidas” que vale a pena descobrir. Por vezes são monumentos de fachadas austeras que guardam riquezas e obras-primas no interior. Outras vezes, igrejas e santuários em lugares recônditos que só por si valem uma deslocação.
Aventuremo-nos por Portugal, à descoberta do Barroco!
Rota do Românico
A Rota do Românico é um percurso por 58 monumentos localizados no norte de Portugal, junto aos rios Tâmega, Sousa e parte do Douro.
Inclui mosteiros, igrejas e memoriais, pontes, castelos e torres que têm em comum a arquitetura românica caraterística desta região. No seu conjunto, situam-se afinal no centro dum triângulo cujos vértices são Património da Humanidade: o Porto, Guimarães e o Vale do Douro.
A Rota do Românico divide-se na realidade em 3 rotas que se ligam entre si por estrada, seguindo os vales dos rios: Rota do Vale do Sousa com 19 monumentos; Rota do Vale do Tâmega com 25 monumentos; e Rota do Vale do Douro, sensivelmente entre Castelo de Paiva e Resende, com 14 monumentos.
Esta região e o seu património arquitetónico estão indelevelmente associados ao início da nacionalidade portuguesa, já que aqui residiam famílias nobres que ajudaram os primeiros reis na Reconquista cristã do território que é hoje Portugal. Por outro lado, o clero e as ordens religiosas ajudavam a fixar as populações, razão por que num reduzido espaço se concentram igrejas, mosteiros e outros monumentos com caraterísticas arquitetónicas singulares, tendo muitas vezes assumido funções defensivas, marcadas por torres ameadas e contrafortes.
O caráter peculiar deste legado histórico e artístico baseia-se entre outros motivos na decoração evidenciada por exemplo em portais de igrejas e conjuntos monásticos, onde o recurso a temas animalistas, vegetalistas ou geométricos, aliado a uma patente qualidade escultórica, confere uma visão de conjunto às edificações reunidas neste roteiro, tipificando-os no contexto do românico português. Por outro lado, embora datáveis na sua maioria entre os séc. XI e XIII, verifica-se que estas técnicas construtivas prolongaram-se no tempo, quando soluções góticas já predominavam noutras paragens, o que é mais uma particularidade da presente Rota do Românico.
Numa viagem pela história, a rota do Românico constitui um excelente ponto de partida para desfrutar de uma visita em pleno à região e a outras marcas de identidade regional como a gastronomia tradicional, os vinhos, as festas, os mercados onde se encontra o artesanato local ou o próprio contacto com as gentes. Sempre em comunhão com a natureza encontramos ainda trilhos e caminhos para passeios a pé ou de bicicleta. Para os mais afoitos o rio Paiva desafia-nos para experiências únicas, com descidas de rafting inesquecíveis.
Aldeias Históricas
Feitas de granito e xisto, as aldeias históricas conservam histórias de conquistas e tradições antigas e deslumbram pelas paisagens, património e simpatia das gentes que as habitam.
Assentes no alto das serras, distinguem-se ao longe nas altivas torres dos seus castelos medievais. É por isso que estão estrategicamente alinhadas ao longo da fronteira. Reis e senhores da terra sabiam que assim podiam dormir mais sossegados. Enganavam-se por vezes. Mouros e cristãos, castelhanos e portugueses, todos tentaram tomá-las para si e por isso cada uma tem uma história muito antiga ou uma lenda para contar. Hoje são pacíficas e mantêm nas pedras da rua e das casas o que Portugal tem de mais genuíno: a autenticidade do seu povo e o orgulho de uma História com 900 anos.
São doze no total e para as conhecer sugerimos um percurso que começa no único local onde não há um castelo para visitar – o Piódão. A aldeia estende-se pela encosta escondida nos confins da Serra do Açor, e talvez por isso não tenha sido necessário fortificá-la. A visita implica uma grande caminhada, pois não há outra forma de percorrer estas ruas estreitas que serpenteiam entre as casas de xisto.
Em Linhares da Beira, já na Serra da Estrela, destaca-se o castelo erguido num planalto, ponto de vigia sobre o horizonte. Mas também não devemos perder a igreja matriz de origem românica que guarda tábuas atribuídas a Grão Vasco, importante pintor quinhentista. O centro histórico de Trancoso está rodeado por muralhas medievais e integra uma Judiaria onde podemos descobrir símbolos hebraicos gravados nas pedras das casas.
Marialva foi uma importante praça militar na Idade Média, e Castelo Rodrigo conserva as ruínas de outra fortaleza com marcas de histórias de lutas e traições. Já as muralhas da vila de Almeida, vistas do ar, formam uma estrela de doze pontas que podemos percorrer de um extremo ao outro. Esta sólida estrutura defensiva foi construída no século XVII transformando o burgo medieval numa praça-forte. Em Castelo Mendo, outra povoação fortificada, vamos encontrar as figuras que representam o alcaide que deu nome à aldeia, e a sua esposa esculpidas na pedra de duas casas.
Belmonte, austera na sua arquitetura de granito, viu nascer o navegador Pedro Álvares Cabral, que em 1500 descobriu o Brasil e acolheu judeus expulsos de Castela nos séculos XV_AVI, mantendo ainda hoje uma comunidade ativa que frequenta a sinagoga. A 760 metros de altitude, Sortelha está situada sobre um terreno de rochedos escarpados, que envolvem a aldeia formando um anel. Da torre do seu castelo a vista é de cortar a respiração.
Em Castelo Novo, com belos exemplares de casas senhoriais, merecem destaque a Casa da Câmara, a Cadeia e o Chafariz de D. João V em estilo barroco. Idanha-a-Velha guarda as ruínas da antiga Egitânia e a catedral visigótica. Logo ao lado, Monsanto, já foi considerada a «aldeia mais portuguesa de Portugal», galardão que é recordado pelo galo de prata no cimo da Torre de Lucano. Esta é a última aldeia deste périplo e aqui costuma dizer-se que não se sabe se é a casa que nasce da rocha ou a rocha que nasce da casa, de tal modo é perfeita a integração na paisagem.
No Coração de Portugal
A partir de quatro itinerários, descobrimos o “coração de Portugal”, o lugar onde se formou a identidade portuguesa, cenário de factos históricos marcantes e ponto de encontro de culturas ao longo dos tempos.
Propomos quatro percursos que incluem três dos mais importantes monumentos portugueses, classificados como Património Mundial pela UNESCO – Mosteiro de Alcobaça, Convento de Cristo e Mosteiro da Batalha. Ligados a episódios fundamentais da nossa História são também edifícios belíssimos, em que se conjugam vários estilos arquitetónicos. O mais antigo, o Mosteiro de Alcobaça foi fundado pelo 1º Rei de Portugal e pertencia à Ordem de Cister, que teve uma intervenção essencial no desenvolvimento agrícola e cultural do nosso país. O Convento de Cristo, onde ainda se sente a mística templária, situa-se junto ao castelo construído em 1160 por aquela Ordem Militar, que elegeu Tomar como seu bastião para a defesa e expansão do território conquistado aos mouros. Já o Mosteiro da Batalha, obra-prima do gótico tardio, é um testemunho da afirmação da independência portuguesa face ao poderoso reino de Castela. Partindo destes três monumentos, muito se pode ficar a conhecer nesta região.
O “Tesouro dos Templários” é um roteiro ideal para quem gosta de romances de cavalaria. Com início em Tomar, centro da geografia sagrada para os Templários, leva-nos a descobrir os seus símbolos – na Igreja de Santa Maria do Olival, palco das cerimónias iniciáticas, ou na Charola do Convento de Cristo onde os cavaleiros ouviam missa. Numa incursão pelo território, podemos visitar o misterioso Castelo de Almourol erigido numa ilha a meio do Rio Tejo, ou a Torre de Dornes, outrora um ponto de vigia sobre uma paisagem ainda hoje deslumbrante.
Seguindo os “Caminhos da Fé”, somos seduzidos por lendas, mitos e mistérios. Levam-nos a Fátima, um dos principais Santuários marianos do mundo, erguido junto ao local onde os pastorinhos viram Nossa Senhora. E a locais onde se registaram outras aparições da Virgem – na Nazaré, em Póvoa de Cós ou na Ortiga. Levam-nos também ao cenário da Idade Média na vila de Óbidos e a Ourém, onde ficamos a conhecer a lenda da princesa moura que se apaixonou por um cavaleiro cristão e mudou o seu nome de Fátima para Oureana.
Os “4 Elementos” são o mote para outro percurso, desta vez entre o mar e o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Água, Ar, Fogo e Terra deram origem a paisagens fascinantes onde também se encontram pegadas dos dinossáurios, os primeiros seres que habitaram o planeta.
Desafiando a imaginação, “A Demanda do Graal” inspira-se nas narrativas da busca do cálice sagrado pelos Cavaleiros da Távola Redonda. Propomos projetar o mapa dessa busca no coração de Portugal transformando Tomar no ponto de encontro dos heróis da demanda, o seu castelo na Nova Jerusalém e a Charola no Templo de Salomão.
Festas dos Santos Populares
Junho é o mês dos Santos Populares com festas e arraiais por todo o país nas noites de Santo António, de São João e de São Pedro.
As principais são as Festas de Lisboa, de 12 para 13 de junho, dia de Santo António, e as do Porto, na noite de 23 para 24 de junho, quando se celebra o S. João. São festas duma grande animação, em que o povo vem para a rua comer, beber e divertir-se pelas ruas dos bairros populares, engalanadas com arcos, balões coloridos e cheiros de manjerico.
Em Lisboa as marchas populares de cada bairro desfilam pela Av. da Liberdade, enchendo aquela artéria de centenas de figurantes, música, colorido e muito público. Mas a enchente e a animação não são menores nas ruas desses bairros, com destaque para Alfama, mas também para a Graça, Bica, Mouraria ou Madragoa. Nos largos e vielas medievais, come-se caldo verde e sardinha assada, canta-se e baila-se noite dentro. Outro momento alto é a procissão de Santo António, que no dia 13 sai da sua igreja, situada em Alfama, junto à Sé, no local onde este santo nasceu, cerca de 1193.
No Porto, a festa é idêntica em cor e alegria ao longo dos bairros mais tradicionais, como Miragaia, Fontainhas, Ribeira, Massarelos e outros. Mas o Porto tem ainda outros usos e costumes: se antigamente os foliões batiam com alho-porro na cabeça dos companheiros, hoje usam martelinhos de plástico com o mesmo fim; por outro lado, além do feérico fogo-de-artifício que é lançado à meia-noite em pleno rio Douro, no Porto também se lançam coloridos balões de ar quente, numa das mais bonitas celebrações destes festejos populares. A noite acaba para muitos junto à praia, para ver nascer o sol ou para um banho matinal, como manda a tradição.
A 29 de junho comemora-se ainda o São Pedro, também com festas populares em várias localidades do país, como Sintra ou Évora, ambas na lista do Património Mundial. Évora, aliás, tem a particularidade de celebrar dois santos populares, pois realiza desde o séc. XVI a feira de S. João, uma das maiores da região sul de Portugal, comemorando também o dia de S. Pedro como feriado municipal.
Em todas as festas é também de tradição saltar a fogueira e oferecer à namorada ou namorado aromáticos vasos de manjerico, onde se colocam quadras, muitas vezes falando de amor, ou não estivessem estas festas ligadas ao solstício de verão e a antigos rituais de fertilidade.
Animação na Madeira
A Madeira é um destino rico em animação com um calendário preenchido de espetáculos, festas e exposições.
Este arquipélago de natureza invulgar, conhecido pelo seu clima de primavera eterna e pela paisagem exuberante, não é apenas um local privilegiado para relaxar. Na Madeira, podemos desfrutar de uma vasta oferta cultural, desportiva e popular, de janeiro a dezembro, não faltando oportunidades para nos distrairmos e apreciarmos tudo o que as ilhas têm para nos oferecer. Estes eventos que contam com o entusiasmo da população são também só por si bons motivos de visita, contribuindo para tornar as férias inesquecíveis.
De destacar as festas de Carnaval, que durante cinco dias consecutivos, decoram as ruas do Funchal com motivos luminosos e são inundadas por música de bandas filarmónicas e marchas carnavalescas que levam a boa disposição a toda a baixa da cidade. É quase impossível não nos deixarmos contagiar e desfilar junto da população local.
A primavera na Madeira tem honras de rainha, sendo coroada com a Festa da Flor, que todos os anos se realiza no Funchal após a Páscoa. Dezenas de carros alegóricos, enfeitados com uma multiplicidade de flores típicas da ilha, deixam no ar suaves perfumes – enquanto percorrem as ruas as ruas da cidade no grande cortejo da Flor.
Em junho, com o Festival do Atlântico, a animação e a cultura de mãos dadas transformam a capital madeirense num grande palco. Todos os sábados à noite há concertos, onde o esplendor do fogo-de-artifício se conjuga harmoniosamente com a música, proporcionando momentos únicos de alegria e cor.
Já no início de setembro, altura em que por toda a ilha se iniciam as vindimas, tem lugar a Festa do Vinho da Madeira. Esta festa procura recriar e reconstituir velhos e ancestrais hábitos da população madeirense, que datam do início do povoamento da Ilha. Enquanto no centro do Funchal decorrem diversos espetáculos alegóricos de luz, som e folclore alusivos ao vinho e às vindimas, na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a festa começa com a vindima ao vivo. A apanha da uva, os cortejos dos vindimadores, a pisa da uva e todo o restante ritual do arraial típico madeirense são momentos vividos com entusiasmo por todos os que assistem às festividades e que são convidados a participar.
Ainda em setembro, a Vila Baleira, no Porto Santo, dedica uma semana ao navegador Cristóvão Colombo que passou e viveu alguns anos da sua vida na ilha. O Festival de Colombo pretende relembrar as passagens e vivências deste navegador pelo arquipélago da Madeira, bem como toda a epopeia da época dos Descobrimentos. Muita música, exposições, animação de rua, encenação de ambientes da época, com particular destaque para a recriação do desembarque de Colombo e seus acompanhantes no cais da cidade, que marcam esta semana “histórica”.
Em outubro, a Madeira promove o Festival da Natureza e celebra o que nela há de melhor, junto dos seus visitantes. Tanto em terra como no ar ou no mar, as escolhas são mais que muitas e todos podem experienciar atividades, num leque de oferta variado e destinado a todas as idades. A estas atividades juntam-se muitas outras, numa festa que associa o desporto, a animação, a etnografia e a cultura madeirense.
No final do ano, as festas ganham ainda mais significado com o verdadeiro ex-libris da Madeira, as Festas da Passagem de Ano. As tradições cristãs da época do Natal conjugam-se com as manifestações de alegria pela chegada do novo ano num programa rico e extenso que abrange todo o mês de dezembro e se prolonga até ao dia de Reis, a 6 de janeiro. Uma Ilha em festa, nos hotéis, nos restaurantes, nos bares e nas ruas que para assinalar a passagem de ano, ilumina os céus do Funchal com fogo-de-artifício durante aproximadamente dez minutos. É sem dúvida um autêntico amanhecer que saúda a chegada de um novo ano.
Mas se por acaso não tivermos a sorte de aqui estar durante um destes grandes eventos, na Madeira encontraremos sempre outros motivos de animação.
Depois de um dia bem preenchido, nada como descontrair na noite madeirense. O famoso Vinho da Madeira e as bebidas típicas, como a "Poncha ", são boas sugestões para começar a noite. Podemos ainda testar a sorte no Casino da Madeira que, para além das diversas salas de jogos, tem uma discoteca com espetáculos musicais ao vivo.
A ilha do Porto Santo conta também com bares, onde podemos acabar o dia e iniciar uma noite animada, que só terminará já de madrugada, na zona lúdica do Penedo do Sono.
Num sem fim de opções e com boas razões para aproveitar em pleno o tempo livre, umas férias nas ilhas da Madeira e do Porto Santo serão seguramente inesquecíveis e animadas!