Num pequeno território, Portugal concentra paisagens e espécies tão variadas, que fazem de qualquer viagem, por mais pequena que seja, um prazer de descoberta.
Das montanhas imponentes às vastas planícies, das praias de areais sem fim onde as ondas se desfazem lentamente à costa recortada banhada pelo oceano impetuoso, o país tem de tudo um pouco. E há ainda ilhas, oásis de calma e tranquilidade em pleno Atlântico, com vegetação luxuriante, vulcões extintos e grutas repletas de esculturas naturais. Onde quer que se esteja, podemos contar com a presença do sol que brilha o ano inteiro, tornando o clima ameno, ideal para desfrutar da natureza e do ar livre.
Alguns destes lugares são verdadeiros santuários que se conservam intactos desde o início dos tempos. E muitos são o habitat de espécies raras de flora e fauna que aqui encontram as condições ideais para se desenvolverem. Podemos conhecê-los num passeio para observação e contemplação, ou com muita adrenalina, em desportos e atividades radicais. São momentos inesquecíveis, a melhor recordação de férias que podemos guardar connosco.
Bicicleta
Descobrir Portugal de bicicleta é uma experiência única. Que se faz ao ritmo de cada um, sentindo aromas e sons que de outra forma talvez passassem despercebidos. Com o mar por companhia, subindo e descendo montanhas, ou a passear por aldeias e cidades, as opções são inúmeras! É só começar a pedalar!
Com um clima agradável, sem grandes extremos de temperatura, e um sol que brilha ao longo do ano inteiro, Portugal oferece boas condições para ser explorado de bicicleta. Percorrendo poucos quilómetros passamos das serras à praia, do bulício citadino à pacatez da vida campestre, já que no nosso país a diversidade de paisagens é muito grande, sempre a curtas distâncias. E de bicicleta é ainda mais fácil fazer os desvios necessários para chegar àquele local de onde as vistas são absolutamente deslumbrantes.
A variedade de traçados possibilita todas as experiências – da estrada à montanha, para bicicletas de touring e de btt, fazendo viagens tranquilas ou seguindo percursos desafiantes que elevam os níveis de adrenalina ao máximo. Muitos dos itinerários estão georreferenciados, e são disponibilizados em podcasts ou através de aplicações para smartphones. Mas quando não é possível aceder ao roadbook há sempre gente simpática e disponível que ajuda a encontrar o caminho perdido.
Em Portugal, há cada vez mais percursos cicláveis. Junto ao litoral, nos parques naturais e florestas e nas cidades, são muitas as vias sinalizadas, bem como áreas de apoio e lojas específicas para os utilizadores. Alguns hotéis também estão equipados para receber os praticantes com todos os serviços necessários à sua recuperação e à do veículo, de modo a que tudo funcione sempre na perfeição. E é ainda possível combinar o uso da bicicleta com os transportes públicos, e assim aproveitar todas as possibilidades para passear pelo país.
Aqueles que não trazem a sua bicicleta podem optar pelo aluguer para dar voltas pequenas ou passeios mais prolongados. E em muitas localidades são disponibilizadas bicicletas de utilização gratuita, uma forma saudável e ecológica para passar o dia a descobrir as suas atrações.
Para os que querem conhecer Portugal de bicicleta mas com a comodidade de uma viagem organizada, encontram várias empresas que organizam programas em que tudo está incluído. Dos melhores hotéis aos guias especializados, dos restaurantes onde se saboreia a gastronomia mais autêntica às visitas a monumentos e museus, há propostas para todos os gostos. E aqueles que preferem manter a sua independência podem optar pelos “self-guided tours” e viajar de forma individual, sem guia e sem horários, mas usufruindo dos serviços de apoio que lhes forem mais convenientes. Enfim, umas férias com muito exercício mas sem nenhuma preocupação!
Também é possível combinar os percursos de bicicleta com outras atividades na natureza, como os passeios a cavalo ou a observação da fauna e flora. Assim, é possível desfrutar de mais experiências que permitem conhecer melhor os encantos de Portugal.
Observação de Aves
Considerado um dos melhores destinos da Europa para a observação de aves, Portugal é o único país europeu onde podemos avistar uma águia imperial ou uma pega azul, entre cerca de 330 espécies de aves.
A grande variedade de habitats naturais, concentrada neste pequeno território, permite que numa curta viagem de automóvel se passe da montanha às escarpas junto ao mar, ou dos estuários aos montados de sobro. Só no estuário do Rio Tejo, a apenas 20 minutos de Lisboa, podem-se observar 100 espécies de aves num dia!
Se os “birdwatchers” experientes distinguem facilmente a abetarda, o sisão ou a francelha, de outras aves mais raras como o grifo de Rupell e a garça dos recifes, para os menos conhecedores esta atividade é uma ótima forma de desfrutar do melhor da natureza.
Alguns dos melhores pontos de observação encontram-se nas áreas protegidas, que ocupam 21% do território nacional. Se a norte se pode fazer um cruzeiro para apreciar a beleza das arribas do Douro onde nidificam os abutres do Egito, no Tejo Internacional os passeios a pé ou de bicicleta são uma boa opção para observar cegonhas-negras e grifos pousados nas rochas cobertas de fósseis. Já no Algarve, há que fazer uma pausa nos banhos de sol e mar para conhecer a Ria Formosa ou o Sapal de Castro Marim, duas zonas húmidas importantes procuradas por flamingos e garças-reais, entre muitas outras espécies.
E porque não voar até às ilhas no Oceano Atlântico? A viagem vale a pena pois aqui encontram-se pássaros que não existem em nenhuma outra parte do mundo, como a freira e o pombo da Madeira, ou o priolo dos Açores. Ponta do Pargo, Ponta de São Lourenço e as Ilhas Desertas no arquipélago da Madeira, ou o Pico da Vara na Ilha de São Miguel (Açores) são os melhores locais para observação.
Seja qual for a opção, de certeza poderemos apreciar paisagens de uma beleza deslumbrante enquanto seguimos o voo das aves que cruzam um céu quase sempre azul. Para nosso “poiso” podemos escolher uma unidade de Turismo no Espaço Rural, ou um bom estabelecimento hoteleiro, e aproveitar para nos deixarmos mimar pela famosa hospitalidade portuguesa.
Observação de Cetáceos nos Açores
Em pleno Oceano Atlântico, os Açores são um arquipélago de nove ilhas de natureza em estado puro e um dos maiores santuários de baleias do mundo.
Entre espécies residentes e migratórias, comuns ou raras, avistam-se mais de 24 tipos diferentes de cetáceos nas suas águas. Para além das comunidades residentes como os golfinhos comuns e roazes, com quem é possível nadar, há baleias que utilizam os Açores como rota de migração. Os golfinhos pintados, cachalotes, baleias sardinheira e de barba são mais frequentes no Verão. A baleia azul pode ser avistada com facilidade nos finais do Inverno. Uma coisa é garantida: seja qual for a estação do ano, há sempre descobertas a fazer.
Os Açores são um ecossistema de características únicas e com águas ricas em peixe, pelo que não é de estranhar que no passado a pesca à baleia fosse uma atividade importante em muitas das ilhas. Hoje, a tradição baleeira foi convertida numa atividade turística muito apreciada, existindo por isso vários pontos de partida, espalhados por várias ilhas, que servem de base para quem queira contactar com os encantadores mamíferos, dando um novo significado a um grito antigo: “Baleia à vista!”.
Na Ilha de S. Miguel, especialmente em Ponta Delgada e Vila Franca do Campo, existem diversos operadores especializados na observação de cetáceos durante todos os meses do ano. No canal entre as ilhas de S. Miguel e Santa Maria, nos meses de Primavera, é frequente o avistamento de baleias-azuis, o maior animal à face da terra, com cerca de 30 metros e até 150 toneladas.
Na ilha Terceira – quer em Angra do Heroísmo, quer na Praia da Vitória – a oferta para observação de cetáceos é variada, destacando-se a oferta as unidades turísticas que disponibilizam programas que conjugam alojamento com atividades de mar. Das múltiplas espécies cujas rotas de migração as tornam avistáveis a partir da ilha assinalam-se as imponentes baleias azuis que passam, na Primavera e no Outono, entre a Terceira e S. Jorge.
Com S. Jorge e Pico, o Faial forma o chamado Triângulo, e tem hoje na cidade da Horta um dos principais e mais dinâmicos centros de observação e estudo de cetáceos do arquipélago. Vários dos operadores de observação de cetáceos presentes na Horta têm como guias cientistas e técnicos ligados à Universidade dos Açores, instituição que ali tem os seus principais centros de estudos e investigação, conduzindo com outras universidades internacionais vários programas de estudo das populações, migrações e rotas dos grandes animais marinhos.
O Pico é a ilha onde a tradição baleeira nos Açores se encontra mais enraizada, com operadores na Madalena, nas Lajes e em Santo Amaro. Podemos conhecer a história nos vários museus e centros etnográfico onde se perpetuam as artes tradicionais desta atividade, com destaque para o Museu dos Baleeiros, e o Centro de Artes e Ciências do Mar - SIBIL, nas Lajes, e o Museu da Indústria Baleeira, em Santo Amaro.
A saída para o mar, para todos aqueles que desejam participar nesta aventura, é devidamente preparada em terra pelo skipper, através de uma explicação aos visitantes sobre as várias espécies que poderão avistar, a forma como irá decorrer a viagem e os cuidados e precauções que devem ser tomados para não interferir com a vida marinha.
Não devemos desanimar quando o mar não permitir efetuar o passeio de observação dos cetáceos. Em terra existem vários museus e centros de interpretação, principalmente nas ilhas do Pico e do Faial, que servem de interessante e cativante guarida. Outra hipótese é visitar as vigias da baleia espalhadas em pontos estratégicos das várias ilhas com panorâmicas surpreendentes.
Na observação de cetáceos há momentos que só acontecem uma vez na vida, por isso não podemos esquecer a máquina fotográfica e registar aquele encontro único… acredite, a experiência é fantástica e toda a família vai adorar!
Açores: Nove ilhas - Um Geoparque
A origem dos Açores está gravada nos 1766 vulcões que existem neste arquipélago, nove dos quais ainda ativos. De toda esta riqueza natural nasceu o Geoparque dos Açores, integrado na Rede Europeia e Global de Geoparques, o qual visa promover e proteger o património geológico deste arquipélago.
O Geoparque dos Açores é único no mundo, porque dispõe de 121 geossítios dispersos pelas nove ilhas e zona marinha envolvente, espelhando a vasta geodiversidade vulcânica do arquipélago. São nove ilhas, mas um só Geoparque!
No subsolo, estão assinaladas quase três centenas de cavidades vulcânicas, sob a forma de grutas, algares e fendas. Na paisagem, há caldeiras secas, lagoas em crateras, campos fumarólicos e nascentes termais. No mar, encontramos fontes geotermais submarinas.
A majestosa montanha do Pico, de cone ainda intacto, parece proteger todas estas riquezas geológicas. Testemunho do poder da natureza, o vulcanismo do arquipélago impressiona pela diversidade do património geológico da região que reflete uma memória geológica de 10 milhões de anos.
A Associação do Geoparque dos Açores criou novos serviços, rotas e produtos interpretativos, implementando um geoturismo de qualidade na região, em estreita ligação com outras vertentes do Turismo de Natureza.
Algumas das rotas já existentes e possíveis de fazer, são:
-Rota das cavidades vulcânicas
Para descobrir o mundo subterrâneo das ilhas.
-Rota dos Miradouros
Para descobrir de carro as geopaisagens
-Rota dos Trilhos Pedestres
Para descobrir a pé os geossítios
-Rota do Termalismo
Para descobrir a força do vulcanismo, tirando partido das mais-valias em termos de saúde, lazer e bem-estar de águas e lamas termais.
-Rota dos Centros de Ciência
Para melhor conhecer e interpretar os fenómenos vulcânicos.
Podemos ainda conciliar a descoberta deste fantástico mundo do geoturismo com um roteiro que inclua toda a família!
O dia pode começar num miradouro de onde se contempla a extraordinária paisagem criada pela natureza vulcânica dos Açores.
Depois, a descida às profundezas subterrâneas, numa das várias cavidades preparadas para o efeito. São locais mágicos, apropriados para a visita dos mais pequenos.
Após o regresso à superfície, uma caminhada para contemplar a paisagem circundante sabe sempre bem.
Sempre que o calor apertar, nada como um refrescante mergulho numa piscina natural.
A visita a um museu ou centro de interpretação responderá às perguntas surgidas durante as ricas experiências do dia passado num mundo de vulcões.
Com tantas sugestões, não podemos deixar de conhecer os vulcões dos Açores e desfrutar de uma erupção…de Sabores, Aromas e Experiências!
Arouca Geoparque
Um Geoparque é um parque com um património geológico de excecional importância, reconhecido como tal pela Rede Europeia e Rede Global de Geoparques da UNESCO. Tem como propósito a geoconservação, a educação para o desenvolvimento sustentável e o turismo.
No Geoparque Arouca, reconhecido em 2009 pela UNESCO, têm particular destaque as Pedras Parideiras da Castanheira, as Trilobites Gigantes de Canelas e os Iconofósseis do Vale do Paiva. Mas o património inventariado totaliza 41 geossítios, isto é, sítios de interesse geológico que se destacam pela sua singularidade e valor, sob o ponto de vista científico, didático e turístico. Este verdadeiro museu geológico a céu aberto, com uma área de 328 Km2, é envolvido pelas Serras da Freita, Montemuro e Arada e percorrido por vários rios, oferecendo excelentes condições para diversas atividades como o canyonning, canoagem, kayaking e escalada (25 vias em 3 zonas da Serra da Freita). E nos rápidos do Rio Paiva encontramos alguns dos melhores locais em Portugal para a prática de rafting e kayak-rafting.
Para desfrutar em pleno destas paisagens, o Geoparque definiu uma Rede de 14 Percursos Pedestres, 13 dos quais são percursos de pequena rota (PR) e um de grande rota (GR), todos eles devidamente sinalizados. Catorze dos geossítios ficam ao longo de dez destes percursos.
No Centro de Interpretação Geológica de Canelas, que fica na PR9 (Rota do Xisto), existe uma coleção de fósseis de trilobites gigantes. Estes animais marinhos, com cerca de 465 milhões de anos, beneficiam de projeção internacional por serem os maiores exemplares de trilobites do mundo.
Já na PR15 (Viagem à Pré-história), junto à aldeia da Castanheira na Serra da Freita, fica outro geossítio, único no país e raríssimo no mundo inteiro. Trata-se de rochas graníticas com discos incrustados que, por força da erosão, se soltam da pedra-mãe, pelo que são conhecidas como Pedras Parideiras. Nesta serra, para além da grande variedade de flora e fauna, encontramos também o geossítio da Frecha da Mizarela, com uma queda de água em que o Rio Caima se precipita de uma altura de cerca de 75 metros. Não longe fica o Geossítio das Pedras Boroas do Junqueiro, dois blocos graníticos que lembram boroas (ou broas) de milho.
Com metade do território classificado pela Rede Natura 2000, todo o Geoparque é um local eleito para turismo de natureza, com praias fluviais e aldeias tradicionais que vale a pena explorar. É o caso das aldeias de Castanheira ou Cabaços no PR15 (Serra da Freita); e de Janarde ou Meitriz, no PR5, com praias fluviais no rio Paiva, tal como Paradinha.. Mas também temos a possibilidade de descobrir locais histórico-artísticos que merecem visita. Em Arouca vale a pena visitar o Mosteiro e o Museu de Arte Sacra ali instalado, ou a capela da Misericórdia. E a 8km de Arouca temos o Geossítio com a Panorâmica da Senhora da Mó, que deve o nome à ampla vista que oferece sobre os vales e montes em redor, e onde fica a pequena capela da Senhora da Mó.
Falta referir ainda que este território é igualmente povoado por antigas minas de volfrâmio, que são outros tantos geossítios: a partir da PR8 (Rota do Ouro Negro) ou dum ponto panorâmico, podem ser vistas as bocas de minas de exploração clandestina da área da Pena Amarela; na PR6 ficam as antigas Minas do Rio de Frades onde ainda hoje é possível fazer cerca de 400 m na Galeria do Vale da Cerdeira; e junto à aldeia de Regoufe fica o Complexo Mineiro da Poça da Cadela.
Geoparque Naturtejo
No interior do país, onde o Rio Tejo passa a ser português, encontra-se um território preservado em que as populações vivem ao ritmo da natureza e parecem ter todo o tempo do mundo para partilhar com os outros as suas histórias e saberes.
É aqui que se situa o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, que abrange os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Proença-a-Nova e Vila Velha de Rodão. Nesta área encontram-se 16 geomonumentos de importância reconhecida pela UNESCO, como as imponentes Portas de Ródão, que comprimem o percurso do maior rio da Península Ibérica, ou os icnofósseis de Penha Garcia, cujas formações curiosas nos surpreendem.
Mas há muito mais para conhecer nestas terras onde se integra o Parque Natural do Tejo Internacional. Ao chegar sentimos logo os cheiros a pinheiro, rosmaninho e alecrim que se desprendem da vegetação, ondem se escondem coelhos, veados e raposas que desaparecem num ápice ao notarem a nossa presença.
Com mais atenção conseguimos descobrir os abelharucos coloridos pousados nos ramos das árvores, ou os rouxinóis e as poupas que cantam ao desafio. As cegonhas negras voam mais alto e vêm passar uma temporada entre fevereiro e agosto. Já as águias imperiais e os abutres vivem em colónias e gostam de poisar nas fragas dos rios, de onde têm a melhor vista sobre a paisagem. O Geoparque organiza percursos para observação de aves em que podemos apreciar toda esta diversidade - são cerca de 154 as espécies que frequentam estas paragens!
As marcas do passado estão bem presentes. Encontram-se em tesouros arqueológicos como o complexo de arte rupestre do Rio Tejo ou as ruínas da Egitânia. E também nas aldeias históricas de Monsanto e Idanha-a-Velha ou nos templos religiosos que todos os anos recebem romarias animadas.
E até podemos combinar estas visitas com algum exercício. A oferta de atividades é muito variada e inclui passeios pedestres, a cavalo ou em btt, e escalada ou canoagem. Para recuperar as forças nada como uns momentos de lazer nas praias fluviais inspirando o ar puro e os aromas do campo, ou uma pausa mais alargada nas Termas de Monfortinho ou de Nisa.
Mas a grande riqueza da região é a sua gente. Hospitaleira, adora receber os forasteiros com iguarias deliciosas como os queijos de cheiro intenso, ou o cabrito e o peixe de rio cozinhados segundo receitas ancestrais. O seu trabalho habilidoso também se revela no artesanato - bordados de Castelo Branco ou cerâmicas de Nisa são peças que podemos trazer connosco para recordar estas terras enquanto não regressarmos. E isso será o mais certo, pois como se costuma dizer na região, “quem vem, volta sempre”.
Viver a Natureza na Madeira
Um dos maiores atrativos turísticos da Madeira é a sua vegetação luxuriante e variada, que combina as características tropicais com as mediterrânicas, originando um mosaico vegetal diversificado e rico em tonalidades de verdes, formas e portes.
Visando a salvaguarda deste vasto património natural, que constitui uma raridade a nível mundial, foi criado, em 1982, o Parque Natural da Madeira, parque classificado como Reserva Biogenética, na qual podemos encontrar uma flora e fauna únicas com alguns espécimes raros, como é o caso da Orquídea da Serra, única no Mundo, e ainda árvores de grande porte, pertencentes à família das Lauráceas - o til, o loureiro ou o vinhático e arbustos, fetos, musgos, líquenes e outras plantas de pequeno porte, características da Laurissilva.
Visitar este parque é descobrir a natureza! O parque engloba cerca de 2/3 do território da ilha e nele estão definidas um conjunto de áreas protegidas, terrestres e marítimas, tornando a Madeira um destino ecológico. Dos 1300 aos 700 metros de altitude no Sul da Ilha e aos 200 metros no Norte concentra-se a maior área de Floresta Laurissilva da Macaronésia, que a UNESCO incluiu na lista do Património da Humanidade. A área de proteção deste parque inclui ainda a Ponta de São Lourenço, a Reserva Natural das Ilhas Desertas, a Reserva Natural das Ilhas Selvagens, a Reserva Natural Parcial do Garajau, a Reserva Natural da Rocha do Navio e a Rede de Áreas Marinhas Protegidas do Porto Santo.
A peculiar orografia deste arquipélago aliada à diversidade de terrenos e riqueza paisagística possibilita um sem número de atividades ao ar livre. Seja em terra, no mar ou pelo ar, as opções são várias para qualquer amante da natureza. Os inúmeros trilhos e Levadas que cruzam a floresta endémica da Laurissilva encantarão os caminhantes com as suas vistas arrebatadoras sobre as montanhas, e para os mais audazes a subida aos Picos do Areeiro e Ruivo, promete ficarmos acima das nuvens, com a ilha aos nossos pés.
Já os mergulhadores poderão explorar as águas turquesas da Reserva Natural do Garajau. Entre a fauna marinha residente contam-se alguns peixes de grande porte, como os Meros, cartaz turístico da reserva. Rodeadas por escarpas íngremes, quase inacessíveis, as Ilhas Desertas são o último refúgio atlântico da foca-monge, a foca mais rara do mundo. Igualmente desabitadas, as Ilhas Selvagens são consideradas um santuário ornitológico. Para visitar estas reservas, o melhor é fazermos um passeio de barco numa das muitas empresas de animação que organizam passeios à volta arquipélago, nos quais temos oportunidade de observar espécies marinhas de grande porte como baleias, golfinhos, cachalotes, tartaruga boba, assim como Lobos-Marinhos.
Podemos ainda explorar a zona costeira, repleta de falésias majestosas, praias de seixos e piscinas rochosas naturais que atestam as origens vulcânicas da ilha. Ou, então, apanhar um ferry ou um voo para Porto Santo e desfrutarmos de vários quilómetros de praias douradas.
Para os que gostam da observação de aves, este arquipélago não deixará de os surpreender, pois aqui podemos avistar algumas espécies exclusivas desta parte do globo como o Pombo-Trocaz, o bisbis ou a freira-da-Madeira. Para não esquecermos estes momentos, a máquina fotográfica é mesmo obrigatória.
Quando visitar a Madeira não perca a oportunidade de conhecer de perto todas estas maravilhas e cenários majestosos. Será difícil resistir à tentação de descobrir os atrativos deste paraíso.
Parques e Reservas Naturais
Espalhados pelo país, encontram-se lugares de beleza preservada, povoados por uma grande variedade de espécies de fauna e flora, onde Homem e Natureza vivem em perfeita harmonia. Protegidas para manterem a sua biodiversidade, muitas destas áreas estão classificadas como Parques e Reservas Naturais.
De todos destaca-se a Peneda-Gerês, o único que foi classificado Parque Nacional. Está situado no noroeste do território e tem paisagens deslumbrantes entre montanhas e albufeiras onde se criam espécies únicas como o garrano selvagem ou o cão de Castro Laboreiro. Aqui, tal como no Parque de Montesinho preserva-se um modo de vida rural, com aldeias comunitárias em que as populações partilham tarefas e equipamentos.
Um pouco abaixo, no Parque Natural do Alvão, os rios correm entre fragas e penhascos e há cascatas espetaculares como as Fisgas de Ermelo. Já a leste, o rio que faz a fronteira com Espanha dá nome a outro Parque - o Douro internacional, cujos vales profundos formam desfiladeiros onde nidificam aves de rapina como o Abutre do Egipto. Bem perto, outra área protegida, a Albufeira do Azibo que também é ideal para observação de aves e para uns momentos de lazer nas suas praias fluviais.
Mas quem prefere o mar revigorante, encontra no Parque Natural do Litoral Norte uma sucessão de praias e dunas que tem rival na Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, também muito procurada pelas aves aquáticas. Nesta região, o Centro de Portugal, há outros parques a não perder. O maior é a Serra da Estrela, de maciços imponentes onde se situa o ponto mais alto de Portugal continental. Entre encostas e lagoas, oferece múltiplas propostas para as mais variadas atividades desportivas, tanto de verão como de inverno. Percursos pedestres e de bicicleta, escalada e canoagem são algumas das possibilidades que também estão disponíveis no Tejo internacional, onde nidificam mais de 154 espécies de aves, de que se destaca a cegonha preta. Já na Serra da Malcata esconde-se o lince ibérico e na Serra do Açor, entre a vegetação luxuriante característica destas serranias, há aldeias em forma de presépio compostas por casas de xisto e lousa.
Nos Pauis - de Arzila e do Boquilobo - reinam as aves aquáticas destacando-se as garças: a vermelha no primeiro e a branca no segundo. Já na Reserva Natural das Berlengas, pequeno arquipélago em estado quase selvagem, só as gaivotas, que estão por toda a parte, quebram a tranquilidade absoluta. E nas Serras de Aire e Candeeiros, cujo interior esconde grutas de formações surpreendentes, vivem morcegos das mais diversas espécies.
Perto de Lisboa, à beira do mar, mais dois parques naturais de beleza deslumbrante: Sintra-Cascais, com praias e vegetação luxuriante, onde se integram harmoniosamente quintas e palácios, e a Arrábida, uma harmonia de cores, em que a serra com o seu manto verde, alterna com as falésias de calcário esbranquiçado e todos os tons de azul do oceano. Já na Arriba fóssil da Costa de Caparica, as escarpas esculpidas pela erosão assumem tonalidades douradas, especialmente ao pôr-do-sol. E nos estuários dos rios é a fauna que dá origem às imagens mais espetaculares – tanto no Tejo com os flamingos de plumagem rosa, como no Sado com os golfinhos e as cegonhas-brancas. Mais a sul, as Lagoas de Santo André e da Sancha possuem também um conjunto diversificado de ecossistemas.
No Alentejo, destaca-se a Serra de São Mamede de altitude e vegetação, inusitadas nesta área do país, e a oeste o alvo das atenções é o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, um dos trechos de costa mais bem preservados da Europa. No Parque Natural do Vale do Guadiana, o rio corre por vezes entre margens apertadas, para mais a sul, no Algarve, se ramificar em esteiros e canais pela planície dentro no Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Já a Ria Formosa estende-se ao longo de 60 kms num labirinto de canais, sapais e ilhas que fazem barreira com o mar e conferem ao leste algarvio uma paisagem de grande beleza.
E ainda há mais no meio do Atlântico! Na Madeira, o Parque Natural ocupa dois terços da ilha e prolonga-se pelo oceano. Das Reservas Naturais das ilhas Selvagens e Desertas, ao Garajau, Rocha do Navio e Ponta de São Lourenço são muitas as áreas preservadas. Tal como nos Açores, onde cada uma das nove ilhas tem um Parque Natural com diversas reservas e áreas protegidas em que as paisagens estão em estado puro. É a natureza, que em Portugal podemos escolher como companheiro de viagem para desfrutar de momentos inesquecíveis.
Jardins, Parques e Quintas da Madeira
Famosa pelo mundo fora devido à sua beleza natural, a Ilha da Madeira é também frequentemente conhecida como “o jardim flutuante do Atlântico”. Aqui, as tonalidades da vegetação que cobrem as encostas só encontram rival nas exóticas flores que desabrocham em todos os recantos.
Graças ao seu clima suave e moderado, podemos ao longo de todo o ano, e em ambiente natural, admirar flores e plantas oriundas de quase todos os continentes, como as orquídeas, as estrelícias, os antúrios, as magnólias, as azáleas, as proteias entre muitas outras.
Algumas destas plantas tropicais e subtropicais chegaram à ilha nos séculos XVIII e XIX, pelas mãos de comerciantes ingleses enriquecidos com o comércio do vinho Madeira, e escolheram as freguesias do Monte, da Camacha, do Santo da Serra e do Jardim da Serra para construir as suas quintas. A escolha destes locais estava relacionada com o clima mais fresco e húmido, mais próximo das condições atmosféricas da Inglaterra, melhor para a aclimatação das plantas daí trazidas.
As Quintas da Madeira são atualmente uma das grandes atrações da região, que podemos conhecer durante a visita à ilha. Muitas foram recuperadas para vários fins como alojamento para férias, museu, café, entre outras. As Quintas da Madeira integram enormes e espaçosos jardins floridos, repletos das mais raras e variadas plantas, e com espaços convidativos ao descanso e relax ou à simples contemplação da natureza. São sem dúvida um ótimo lugar para passear ou para passar férias em família.
Entre estes locais podemos destacar o Jardim Botânico, situado na Quinta do Bom Sucesso, o Jardim da Orquídea, ou o Parque de Santa Catarina e o Jardim Municipal, bem no centro do Funchal.
Merecem igualmente visita os Jardins do Imperador, o Jardim Tropical Monte Palace ou a Quinta do Palheiro Ferreiro, onde podemos passar algumas horas e desfrutar das vistas panorâmicas que oferecem. Ou ainda a Quinta Vigia, a Quinta Magnólia e a Quinta das Cruzes, localizadas na zona baixa do Funchal, possuem também uma extraordinária variedade de plantas merecedoras de uma visita.
Nos jardins da Quinta do Arco, localizada no Arco de São Jorge, na costa norte da ilha, podemos conhecer uma das maiores coleções de roseiras de Portugal, da qual fazem parte algumas espécies de roseiras raras e outras em via de extinção.
A Madeira possui ainda diversos parques como o Parque Ecológico do Funchal, o Parque Florestal das Queimadas a 5 km de Santana, e o Parque Florestal do Ribeiro Frio. Este último é também um excelente local para passear a pé, partindo daqui uma das veredas mais espetaculares da Ilha, que liga o Ribeiro Frio ao sítio dos Balcões, permitindo desfrutar das belíssimas vistas panorâmicas do vale profundo da Ribeira do Faial e do anfiteatro rochoso do Maciço Central onde se destaca o ponto mais alto da ilha, o Pico Ruivo.
Dizem que a Primavera passa o Inverno na Madeira, por isso nada melhor que celebrar esse facto com a realização anual da Festa da Flor. Este evento que enche as ruas do Funchal de flores pretende homenagear as flores desta ilha jardim.
Antes de voltar para casa, sugerimos uma visita ao Mercado dos Lavradores no Funchal, para comprar uma recordação destas férias…as emblemáticas flores da Madeira.
Um Passeio pelo Gerês
O Parque Nacional da Peneda-Gerês, no extremo noroeste de Portugal, entre o Alto Minho e Trás-os-Montes, é a única área protegida portuguesa classificada como Parque Nacional.
É um mundo à parte em que a atividade humana se integra de forma harmoniosa na Natureza, preservando valores e tradições muito antigos, bem patentes nas aldeias comunitárias de Pitões das Júnias e Tourém.
Em todos os tons de verde, a vegetação exuberante inclui uma floresta de azevinho, única a nível nacional, e espécies endémicas como o lírio do Gerês, que alegra os campos com os seus tons de azul-violeta. Nas Serras da Peneda, Soajo, Amarela e Gerês, que integram o Parque, correm rios e ribeiras que se precipitam em cascatas e espraiam depois em albufeiras. As paisagens são deslumbrantes.
Por vezes consegue avistar-se um corço (símbolo do Parque) ou o seu predador, o lobo ibérico. Mais comuns, são os garranos, pequenos cavalos selvagens que correm livremente pelos montes. Também podem encontrar-se bovinos de raça barrosã e os cães de Castro Laboreiro, de pelo escuro, guardando os rebanhos que ao ritmo das estações se deslocam entre as brandas e as inverneiras. Trata-se de aldeias e zonas da serra relacionadas com a antiga transumância, para onde as populações hoje apenas deslocam o gado: vales e altitudes baixas no inverno, lugares mais altos no verão, de acordo com o pasto existente.
Num itinerário pelo Parque, o Soajo, com o seu antigo conjunto de espigueiros de pedra para guardar os cereais, pode ser o ponto de partida a oeste. Também podemos ver espigueiros no Lindoso, onde vale a pena subir ao castelo debruçado sobre o vale do Rio Lima. Um pouco mais a norte, podemos dar um pulo à aldeia de Castro Laboreiro, onde se criam os cães pastores da região.
A serra mais a sul é a do Gerês, cuja porta do Parque, em Campo do Gerês, é a que fica mais perto de Braga. Nesta serra ficam as albufeiras das Barragens da Caniçada e de Vilarinho das Furnas, locais de grande beleza, tendo esta última submergido a povoação que lhe deu o nome, e cujo espólio está hoje em exposição no Museu Etnográfico de Terras de Bouro. Nas redondezas desta localidade, os Santuários de São Bento da Porta Aberta e da Senhora da Abadia são centros de grandes romarias e peregrinações.
Partindo do Campo do Gerês a pé, pode deixar-se o carro à entrada da Mata da Albergaria e seguir o Rio até à Portela do Homem. No regresso, podemos descansar nas termas de Caldas do Gerês. Outra aposta certa é seguir o traçado bem conservado da geira romana, com marcos miliários que têm quase dois mil anos.
O Rio Cávado, que delimita o Parque a leste, indica o caminho até à Barragem da Paradela. Um passeio a cavalo ou um banho no rio são um convite à descontração. Para quem gosta mesmo de passeios pedestres, é a não perder a visita a Pitões das Júnias, uma aldeia onde se guardam antigos costumes comunitários. Fica no fim da estrada e daqui para a frente só a pé. Mas o passeio vale a pena, pelas cascatas e pequenos ribeiros que se cruzam pelo caminho ou pela surpresa das ruínas dum antigo Mosteiro a aparecer no meio da paisagem.
Em suma, para gastar energias não faltam no Parque oportunidades, pois também há condições para atividades como o canyonning ou a canoagem. Mas não só. A diversidade e abundância de flora e fauna locais proporcionam um contacto com a natureza único e qualquer que seja a opção é provável que castelos medievais, mosteiros e aldeias tradicionais façam parte da paisagem, sempre de uma beleza natural ímpar.
Peniche
Peniche e o mar são indissociáveis. É um dos maiores portos de pesca tradicional de Portugal e um grande centro atlântico de atividades marítimo-turísticas.
Antes de chegar à praia, a visita de Peniche deverá incluir uma passagem pelo centro histórico. Para além do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, das Igrejas de São Pedro e da Misericórdia, destacamos o Forte de Peniche, construído no séc. XVI/XVII para a defesa da costa em cruzamento com o Forte da praia da Consolação e o forte na Ilha das Berlengas. Foi importante para a história de Portugal em vários momentos, mas importa referir que o seu contributo mais recente foi como prisão política durante o Estado Novo, em que aqui estiveram algumas das figuras públicas mais importantes da resistência ao regime. No interior, ficaremos a saber todo os pormenores pois é atualmente o Museu Municipal de Peniche.
Para além das artes da pesca que, naturalmente, sempre foram uma das fontes de rendimento da população, Peniche é também conhecida pela arte das rendas de bilros, que as mulheres se dedicaram a aperfeiçoar enquanto os homens andavam no mar.
O mar continua a ser um dos principais pontos de interesse e desenvolvimento e as praias de Peniche são muito apreciadas. Se as baías da Consolação e do Baleal proporcionam um bom resguardo para dias de praia em família, as ondas desta costa oeste, como as da Praia de Medão Grande, conhecida como Supertubos devido às suas grandes ondas de forma tubular, são muito procuradas por surfistas e bodyboarders de todo o mundo. Num concurso a nível nacional foi nomeada como uma das “7 Maravilhas de Portugal”. Juntamente com a Praia do Lagido, são o palco do grande campeonato mundial de surf Rip Curl Pro Portugal, uma prova que integra o ASP World Tour.
A uma viagem de barco de distância fica a Ilha das Berlengas, Reserva Natural. As suas águas translúcidas são ideais para os mergulhadores que aqui encontram um reduto natural de fauna e flora marinha. O mar agitado e o isolamento da Ilha são também o mote para muitas histórias misteriosas de pescadores e de barcos afundados nesta costa.
Como não podia deixar de ser, o mar domina também as especialidades gastronómicas. Não se deve por isso deixar Peniche sem provar a caldeirada, o arroz de marisco ou a sardinha assada no carvão, sempre acompanhados dos vinhos da região Oeste. Para sobremesa, recomendam-se os doces de amêndoa, seja um “Amigo de Peniche” ou os biscoitos chamados “Esses”.
A Ria Formosa e o Sapal (de Castro Marim e Vila Real de Santo António)
A Ria Formosa, o mais importante santuário de vida selvagem no Algarve, e o Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, a zona alagadiça do Rio Guadiana, são duas áreas protegidas a descobrir a pé ou de barco. Passeios que vão ficar na nossa memória!
Para começar a visita o melhor será irmos ter com quem sabe. Os respetivos Centros de Educação Ambiental fornecem informações sobre as espécies que se podem avistar e os trilhos pedestres aconselhados para desfrutar em pleno das paisagens respeitando a natureza. E nestes labirintos de canais há muito para admirar. Dos verdes da vegetação que se harmonizam com os azuis das águas e contrastam com a brancura das salinas, aos tons rosados das penas dos flamingos, encontramos muitos motivos para fotografias de sonho. Dá vontade de não largar o botão de disparo!
No longo cordão de areia que separa a Ria Formosa do mar descobrimos praias deslumbrantes, quase desertas, embora o Parque Natural, que se estende ao longo de 60 quilómetros entre a Península do Ancão e a Praia da Manta Rota, seja frequentado por cerca de 1500 espécies de seres vivos. A galinha-sultana e os guarda-rios com as suas plumagens vistosas, o camaleão que toma as cores dos locais onde passa ou o cão de água simpático e felpudo, são alguns dos residentes habituais.
Mas neste oásis de preservação de fauna e flora também há uma grande variedade de moluscos que fomentam uma das principais atividades económicas da região, e dão origem a especialidades da gastronomia que nos vão deliciar, como o arroz de lingueirão, ou as ostras e os mexilhões. Para termos uma perspetiva sobre esta área e a sua dimensão há que procurar pontos altos como a fortaleza de Cacela Velha, uma aldeia de origem árabe que vale a pena conhecer.
E se dirigirmos o olhar para leste, quase vislumbramos o Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, a primeira Reserva Natural criada no nosso país. Esta zona de salinas, pastagens e sapais, tem como limites as duas localidades e estende-se ao longo do Rio Guadiana.
Para além dos trilhos pedestres, podemos observá-la a partir do castelo de Castro Marim para uma vista abrangente, ou de barco para uma experiência mais relaxante. Junto à margem vamos descobrir rãs, sapos, tritões e lagartixas e nos céus, a cruzar o horizonte, são a cegonha branca, o perna-longa e a garça que captam todas as atenções. E há ainda uma zona seca com áreas agrícolas onde se cultivam cereais e plantações de amendoeiras, figueiras, alfarrobeiras e oliveiras. Muito para conhecer entre rasgos de natureza resplandecente!
Buçaco, Luso, Curia – Um Passeio na Bairrada
Entre a majestosa floresta do Buçaco e as estâncias termais do Luso e da Curia, encontramos uma região que nos oferece tudo para nos tratarmos bem.
Começamos pela beleza das paisagens que tem como expoente a Serra do Buçaco, um sítio mágico, que no século XVI foi protegido por decreto papal e transformado em retiro monástico isolado do resto do mundo. Ainda hoje, espalhadas pela serra, se encontram as ermidas e capelas que formam a Via Sacra, e que podem ser visitadas seguindo um dos trilhos para descoberta da Mata Nacional. Mas há outros percursos e visitas guiadas que nos levam a conhecer árvores centenárias, muitos lagos e cruzeiros e em que vamos encontrar lugares que permanecerão na nossa memória como o Vale dos Fetos ou a Fonte Fria.
Outra imagem inesquecível será decerto a do Palace Hotel que emerge entre a vegetação frondosa. Em estilo neomanuelino, o palácio foi construído no final do séc. XIX para os últimos reis de Portugal ocupando parte do Convento de Santa Cruz, de que hoje ainda subsistem os claustros e algumas celas. É mais um lugar encantado neste ambiente propício ao romance e ao contacto com a natureza.
Bem perto, na vertente oeste da Serra do Buçaco, situam-se as Termas do Luso, cuja nascente fornece uma das águas minerais de mesa mais consumidas no país. A estância termal data do final do século XIX, embora as propriedades terapêuticas das águas já fossem conhecidas um século antes, e conserva os edifícios originais que aliados a um spa inovador a tornam um espaço privilegiado de bem-estar.
A cerca de 15 quilómetros, as Termas da Curia rivalizam na oferta de saúde e lazer. Aqui respira-se um ambiente da “Belle époque” evocado por construções das primeiras décadas do século XX. Para além do estabelecimento termal, não faltam hotéis com muito charme, um lago artificial com cerca de um quilómetro de perímetro, um circuito de manutenção e campos de ténis e golfe. Tudo pela vida saudável!
Para além das águas, os vinhos e a gastronomia dão fama a esta região designada por “Bairrada”. O leitão assado é a especialidade mais famosa e atrai muita gente que se desloca de propósito para o saborear. A acompanhá-lo os vinhos brancos, tintos ou espumantes que aqui se produzem são a escolha mais acertada. Se os quisermos conhecer melhor podemos visitar os Museus que lhe são dedicados como o Museu do Vinho da Bairrada e o Aliança Underground Museum, ou seguir a Rota da Bairrada para provas e compras nas caves e adegas dos produtores. Rematamos este passeio com um brinde aos prazeres da vida.
Caramulo, Açor e Lousã - Serras a Descobrir
A imagem mais comum do Centro de Portugal é a natureza em estado puro, maciços de serras e muitos rios em vale profundos, desenhando paisagens de grande beleza.
A montanha mais alta e mais famosa é a Serra da Estrela, mas o Centro de Portugal tem outras que vale a pena conhecer.
São lugares para descobrir sem pressas, inspirando o ar puro e desfrutando da natureza preservada em passeios tranquilos ou atividades com mais adrenalina.
Nestas serranias esperam-nos ainda outras aventuras entre paisagens intocadas de uma beleza indescritível, ouvindo o silêncio da natureza. Nada melhor para a alma.
A norte, a Serra do Caramulo, tem o seu ponto mais alto no Caramulinho a 1075 metros de altitude, que oferece belas panorâmicas sobre toda a região.
Classificada como paisagem protegida, a Serra do Açor deslumbra-nos do alto dos seus 1.349 metros. Os socalcos, a água a correr em levadas e a impressionante Mata da Margaraça, tornam-na um lugar diferente.
A oeste, a Serra da Lousã guarda autênticos tesouros paisagísticos e monumentais e é também um local de eleição para os desportos de aventura.
Conhecer a Serra da Arrábida e Estuário do Sado, Duas Áreas Protegidas
Entre o azul do mar e o verde da serra, o Parque Natural da Serra da Arrábida é um excelente lugar para por à prova a nossa preparação física.
Situado junto ao mar, o parque oferece uma das paisagens mais deslumbrantes da costa perto de Lisboa. O ponto mais alto encontra-se na Serra do Risco, uma magnífica arriba com 380 m de altura. Os passeios de orientação ou de bicicleta são uma boa sugestão para conhecer este lugar exemplar, de pura vegetação mediterrânica do país. Podemos escolher o nível de dificuldade mais adequado e até se podem fazer percursos noturnos.
Como uma muralha verde a pique sobre o Atlântico, a serra abriga pequenas enseadas de areia branca e, apesar de estar à porta do Oceano, o mar aqui quase não tem ondas.
O Portinho da Arrábida é uma das praias mais bonitas e um bom spot de mergulho, com fauna e flora, únicas, por descobrir nas águas límpidas da pedra da Anixa, uma ilhota em frente ao areal. Tudo se poderá ficar a saber no Museu Ocenográfico, instalado na Fortaleza de Santa Maria da Arrábida. Galapos, Galapinhos e a escondida Praia dos Coelhos são outras praias nesta paisagem protegida, que vale a pena explorar. Já a praia da Figueirinha é uma das mais frequentadas.
A Reserva Natural do Estuário do Sado tem outros atrativos. Sejam os golfinhos que nos acompanham nos passeios de barco ou pelo facto de ser um local de observação de aves especial, com mais de 250 espécies que se podem avistar. O Moinho de Maré da Mourisca é um dos melhores sítios para o fazer.
Para melhor desvendar os segredos do Sado, sugerimos um passeio à vela nos galeões do sal, embarcações tradicionais que percorrem o rio até à Arrábida, ou mesmo numa traineira. O contraste entre o branco das salinas, o azul do rio, o verde dos pinhais e o dourado da areia são a garantia de um tempo bem passado.
No outono e no inverno, os flamingos cobrem o estuário de um manto cor-de-rosa e na primavera e no verão os quilómetros de praias da península de Troia são um refúgio à rotina. As cegonhas-brancas que constroem os ninhos nas torres das igrejas e nas chaminés mais altas, são uma presença familiar e habitual para a população local.
Nesta região, os homens sempre seguiram o curso do Rio Sado, que corre de sul para norte, ao contrário do que é habitual em Portugal, para aproveitar as dádivas da natureza, desenvolvendo atividades como a pesca, a exploração de sal ou a cultura do arroz.
Com sorte, o passeio será alegrado pelo símbolo do estuário - os golfinhos, que nos acompanham com magníficos mergulhos. Para um ponto de vista diferente, um voo de balão é uma ótima sugestão e uma experiência que não se esquece.
Serra da Estrela
De verão ou de inverno, a montanha mais alta de Portugal continental é o cenário perfeito para uns dias descontraídos em contacto com a natureza.
Com uma altitude máxima de 1993 metros na Torre, a Serra da Estrela é uma zona de rara beleza paisagística com desníveis montanhosos impressionantes onde podemos viver intensamente o silêncio das alturas. E aproveitar esses momentos de comunhão com a natureza para observá-la, reparando na variedade da vegetação, nas aves ou nos rebanhos de ovelhas guiados por cães da raça a que a Serra deu nome.
Mas também podemos seguir o curso dos grandes rios portugueses desde as suas nascentes – o Mondego no Mondeguinho, o Zêzere no Covão de Ametade e o Alva no Vale do Rossim são locais deslumbrantes. Ou apreciar os vales glaciares de Loriga, Manteigas, ou o Covão do Urso e o Covão Grande. Nos meses mais quentes, a melhor sugestão será decerto a Rota das 25 lagoas que nos guia por espaços refrescantes.
Já com o tempo frio, a Serra da Estrela é o único sítio em Portugal onde podemos praticar esqui na neve, bem como andar de trenó, de snowboard ou de motoski. Existem diversas pistas com infraestruturas de apoio, e ainda encontramos pistas de neve sintética para esquiar em qualquer época do ano.
Este parque natural é excelente para passeios pedestres, a cavalo ou em bicicleta. Existem cerca de 375 quilómetros de trilhos marcados no terreno, com vários níveis de dificuldade, pelo que decerto haverá algum adequado às nossas condições físicas. E quem já não sonhou voar como um pássaro? Podemos experimentar essa sensação num parapente em Linhares da Beira sobrevoando esta aldeia histórica, que também é obrigatório explorar pelo próprio pé.
Para retemperar forças há que provar o produto mais famoso da região – o queijo da Serra. De textura amanteigada acompanha na perfeição o pão tradicional. Saboreamo-lo em toda a região, mas em Celorico da Beira, no Solar do Queijo, essa prova será acompanhada por explicações sobre o processo de fabrico. Já em Seia é o pão que tem honras de Museu, e na Covilhã os lanifícios. As estradas mais populares para fazer a travessia da Serra ligam precisamente estas duas cidades e levam-nos às aldeias de montanha como o Sabugueiro, Alvoco da Serra ou Loriga, e a muitos outros locais imperdíveis - Penhas Douradas, Penhas da Saúde ou a Torre no topo da Serra.
Como sugestão de passeio, propomos um itinerário pela serra, mas como há muito para ver e fazer na maior área protegida portuguesa, o melhor será começar por visitar um dos Centros de Interpretação do Parque Natural para obter informações, de modo a aproveitarmos ao máximo a nossa estadia.
Pela Via Algarviana
No interior tranquilo e verdejante há um Algarve diferente que esconde aldeias tradicionais e paisagens espetaculares. O caminho para chegar a este mundo preservado? Nada mais fácil… é só seguir as setas!
Marcado no terreno com sinalética e painéis interpretativos, este percurso é conhecido como “Via Algarviana” e atravessa longitudinalmente a região. A via tem origem num antigo trilho religioso seguido pelos peregrinos que se dirigiam ao Promontório de Sagres onde foram encontradas as relíquias de São Vicente. Desde Alcoutim, junto ao rio Guadiana, até ao Cabo de São Vicente são cerca de 300 kms divididos em 14 setores, que têm início e fim em localidades com alojamento e restauração. Tudo pensado para podermos adaptar o trajeto ao ritmo de cada um, ou escolher apenas os troços que nos interessam.
Este mergulho na natureza começa no cais de Alcoutim junto ao Rio Guadiana e atravessa a Serra do Caldeirão, zona de produção de cortiça e de aldeias típicas a não perder como Salir, Benafim e Alte. A meio, passando São Bartolomeu de Messines, o trilho segue ao longo da Ribeira do Arade, num troço de grande beleza. Silves é visita obrigatória, antes de rumar à Serra de Monchique, cujos panoramas deslumbrantes podem ser admirados a partir da Picota ou da Foia, os locais mais elevados do Algarve. Depois de zonas quase selvagens, o caminho cruza Marmelete, Bensafrim e Barão de São João e uma floresta de pinheiro-manso. Sente-se o cheiro a mar e a Via Algarviana chega ao fim no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, o trecho de costa mais bem preservado da Europa.
Ao longo do percurso podemos apreciar a beleza e o aroma da vegetação onde não falta alecrim, rosmaninho, funcho, tomilho, esteva, urze ou até as orquídeas, mais raras. Das árvores e arbustos e destacam-se o medronheiro, a figueira, a alfarrobeira, o sobreiro e a amendoeira que fornecem matéria-prima para doces e licores deliciosos. Rios e ribeiras garantem a frescura nos dias mais quentes e são o habitat das lontras, entre outras espécies de fauna. Neste território, em parte integrado na rede Natura 2000, também se encontram lebres, javalis ou raposas, mas mais difícil será avistar os poucos linces existentes. Quanto às aves, se o rouxinol-do-mato e o abelharuco se destacam pelas cores da plumagem, talvez seja preciso mais atenção e binóculos para observar a águia de Bonelli ou o Bufo-real, que procuram lugares bem altos.
Aqui, ainda se pratica a agricultura tradicional, subsistindo moinhos de vento, eiras e fornos comunitários. Nas casas caiadas de branco sobressaem chaminés rendilhadas de uma delicadeza notável. Populações simpáticas e acolhedoras mantêm vivas as tradições do mundo rural e transformam em iguarias aquilo que a terra lhes dá - aguardente de medronho, licores de poejo ou de amêndoa, mel, queijos ou enchidos são alguns dos produtos a provar e levar. Tal como as peças de artesanato, excelentes recordações que testemunham a habilidade destas gentes em cestaria, tecelagem, olaria e tantas outras artes.
Para fazer o percurso devemo-nos equipar a rigor com roupa e calçado adequado, não esquecendo a bússola ou o GPS, e outros objetos práticos. E convém consultar o site da Via Algarviana para obter informações detalhadas. Depois é só por pernas ao caminho e dar início à jornada.
O Céu do Alqueva
Imaginemos um lugar onde nos sentimos cobertos por um majestoso céu estrelado.
A sensação é indescritível e normalmente apenas possível de forma artificial, num planetário, onde nos sentamos confortavelmente para uma lição sobre as estrelas. Em Portugal, temos a sorte de ter essa sensação ao ar livre.
No meio do Alentejo, o maravilhoso céu do Alqueva parece um veludo escuro revestido por um imenso manto de estrelas. É uma área protegida e certificada internacionalmente, registada como uma reserva Dark Sky, ou “Starlight Tourism Destination”, que se estende por uma área de cerca de 3000 quilómetros quadrados.
Tendo o lugar sido reconhecido como preferencial para observação do céu, os municípios em redor do grande lago do Alqueva – Alandroal, Reguengos de Monsaraz, Portel, Mourão, Moura e Barrancos - juntaram-se num esforço para preservar essa característica especial e, por isso, à noite, baixam as luzes públicas ao mínimo para possibilitar um melhor usufruto deste fenómeno da natureza.
Podemos observar a Ursa Maior, a Ursa Menor, a Cassiopeia e uma grande diversidade de outras constelações, visíveis consoante a estação do ano. Localizamos as representações dos signos do Leão, Virgem e Balança, descobrimos Escorpião e Sagitário e seguimos até ao misterioso Capricórnio, sem esquecer o Cisne, a Águia e a Lira.
Identificamos a majestosa Via Láctea e contemplamos Aquário e Peixes, Pégaso e Carneiro. Depois vemos Touro, que noite após noite desafia o glorioso Orionte. E ainda há tempo para ver Gémeos, a figura do Cocheiro e para eleger a nossa estrela favorita.
A qualidade do céu no Alqueva permite a observação a olho nu de um elevado número de objetos celestes. Mas para fazer tudo na perfeição, o ideal é ter uns binóculos e um telescópio. Mas se não os tivermos connosco, não há problema pois as empresas que integram a Rota Dark Sky têm equipamento disponível e estão preparadas para nos ensinar a ver o céu e a identificar as estrelas.
Para além das unidades de alojamento e de restauração, juntaram-se também à iniciativa empresas de animação turística e guias com os quais se pode conhecer melhor a região através de passeios pedestres, percursos de observação de fauna e flora, canoagem, workshops de astrofotografia e outras atividades, durante o dia ou mesmo à noite.
No meio da natureza, surpreendemo-nos com os sempre misteriosos monumentos megalíticos como o Cromeleque do Xerez, na envolvência do Convento da Orada, ou as antas e menires que fazem parte de um percurso pelo património da região, a que não pode faltar uma paragem na admirável aldeia amuralhada de Monsaraz, onde as ruas e as casas são feitas de xisto.
Existem várias propostas para descobrir a região do Alqueva e o Alentejo, mas a Rota Dark Sky é sem dúvida uma viagem de surpresas e descobertas que se irá sempre recordar.