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Em pleno Atlântico, a extensa costa portuguesa é um paraíso para os amantes da náutica de recreio que aqui encontram um mar à sua medida.
Águas calmas para uma navegação tranquila, ou bravias, a garantir mais adrenalina, o oceano apresenta-se com diversos humores, com que lidam facilmente aqueles que o conhecem bem. Já a beleza das paisagens é uma constante, ora com arribas imponentes, ora com dunas e areais, proporciona excelentes cenários para todos os desportos náuticos.
Algumas zonas estão consideradas entre os melhores campos de regatas do mundo, que por isso recebem com frequência eventos e campeonatos internacionais. Já nas profundezas, os praticantes de mergulho podem descobrir um mundo de biodiversidade, com peixes de todas as cores e até tesouros de naufrágios.
A História de Portugal está repleta de feitos de navegadores que atravessaram mares desconhecidos dobrando cabos e tormentas, para alcançar o outro lado do mundo. Hoje em dia, navega-se com o apoio das mais sofisticadas tecnologias, mas mantemos o gosto pelo mar, pela aventura e por acolher bem todos os que nos visitam. E aqueles que chegam de barco encontram por todo o país marinas e portos de recreio com excelentes infraestruturas e serviços, onde podem atracar em segurança, para depois descobrir outros lugares deslumbrantes em terra firme.
Marinas e Portos de Recreio
Atracar em porto seguro está sempre ao alcance de quem navega ao longo da costa portuguesa. De norte a sul e nas ilhas da Madeira e Açores são muitas as marinas e portos de recreio equipados com todos os serviços para receber bem aqueles que chegam por mar.
Nos séculos XV e XVI foi no mar que os navegadores portugueses encontraram os caminhos que os levaram ao encontro de outras culturas em terras distantes, tendo sido os primeiros europeus a alcançar o Extremo Oriente ou o Brasil.
Hoje em dia, com um clima ameno e muito sol durante todo o ano, Portugal oferece excelentes condições para usufruir do oceano, navegando ou praticando os mais variados desportos náuticos, com a certeza de encontrar os apoios e equipamentos de que precisarmos em terra firme. Estes apoios estão disponíveis nas Marinas e Portos de recreio, muitas delas galardoadas com a Bandeira azul da Europa que certifica as excelentes condições disponibilizadas no que se refere à qualidade da água, gestão ambiental, segurança e serviços.
E se seguirmos a linha da costa de norte para sul, começamos por encontrar a Marina de Viana do Castelo, que junto à foz do Rio Lima é a porta de entrada para a verdejante região do Minho. Um pouco mais abaixo duas marinas – na Póvoa do Varzim, estância de veraneio muito concorrida, e em Leixões, a Marina Porto Atlântico que já está nas imediações da segunda maior cidade do país – o Porto. Mas quem se quiser aventurar para o interior, poderá escolher as marinas e docas do Rio Douro, na região onde se produz o famoso vinho do Porto, também ele um “navegador” pois chegou a todas as partes do mundo.
No Centro de Portugal, destaca-se o Farol da Barra, o mais alto do país e uma referência para os marinheiros. Mas também há vários locais para prender as amarras - no Carregal próximo de Ovar, na Torreira ou na Figueira da Foz, uma estância balnear cheia de charme e tradição. Mais a sul, a Nazaré e Peniche, que são famosas pelas artes piscatórias e pelas ondas que atraem surfistas de todo o mundo, também oferecem portos seguros.
Já na zona de Lisboa, quem chega por mar tem muitas opções, desde a linha do Estoril com a Marina de Cascais e o Porto de Recreio de Oeiras, à Marina do Parque das Nações no extremo oriental da cidade. Pelo meio as Docas – de Alcântara, Santo Amaro, Belém e Bom Sucesso - foram reconvertidas nos anos 90, tornando-se polos de animação noturna da cidade, com restaurantes, bares e discotecas que atraem muita gente.
Do outro lado do Rio Tejo, junto ao Parque Natural da Arrábida, o Porto de Recreio de Sesimbra é uma excelente base para passeios à descoberta de pequenas enseadas e praias desertas. Tal como a Doca das Fontaínhas em Setúbal ou a Marina de Troia, onde ao soltar amarras, facilmente encontramos golfinhos. Mais a sul, Sines serve de porto de escala para quem segue para o Algarve, já que está a meio caminho. E no interior do Alentejo, a Amieira Marina é o apoio com que podem contar aqueles que navegam no grande lago do Alqueva, onde até é possível alugar um barco-casa para descansar e passear.
Ao longo da costa algarvia sucedem-se os locais para aportar em segurança. Vilamoura, a marina mais antiga do país, fica na zona mais central e é um grande centro de animação. Mas de oeste para leste - Lagos, Portimão, Albufeira, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António têm outros portos e marinas que rivalizam em qualidade.
Em pleno Atlântico, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, importantes como escala na epopeia portuguesa do século XVI, as ligações marítimas são o principal transporte entre ilhas. Na Madeira, para além da Marina, o Funchal, cidade cosmopolita, possui um dos principais portos de cruzeiros do país e recebe iates e navios de todo o mundo. Mas na região há outros locais para aportar, por exemplo na Quinta do Lorde e na Ilha do Porto Santo, famosa pelo seu longo areal dourado.
Nos Açores, a Marina da Horta, um ícone para quem cruza o Atlântico, é bem conhecida dos “lobos do mar” que nas suas paredes deixam desenhos e pinturas, tornando-a uma das mais coloridas do planeta. E noutras ilhas, há outros lugares para lançar âncoras. Por exemplo na Terceira – em Angra e na Praia da Vitória - ou em São Miguel - em Ponta Delgada e em Vila Franca do Campo, onde podemos deixar o barco em segurança para, em terra firme, partir à descoberta da beleza deslumbrante destas ilhas mágicas.
Vilamoura e a sua Marina
Moderna, animada e sofisticada, Vilamoura desenvolveu-se à volta da marina e é hoje em dia uma das maiores estâncias de lazer da Europa.
A localidade é todo um empreendimento turístico construído a partir da década de 70 do século XX. Mas já os romanos conheciam esta região, como o provam as ruínas do Cerro da Vila, conservadas no Museu do mesmo nome, junto à estrada que dá acesso à Praia da Falésia.
Excelentes hotéis e aldeamentos e campos de golfe de renome internacional providenciam uma oferta completa para quem quer passar uns dias de descanso à beira-mar. A marina, a maior do país com 1300 postos de amarração, é o principal polo de animação, não só para os que chegam de barco, mas para todos os que passam férias nesta zona e vêm até aqui ao fim da tarde ou à noite para saborear um gelado ou jantar. Também é o local certo para compras, com uma grande variedade desde lojas de artesanato local às mais conceituadas marcas internacionais. E quanto à animação noturna, não faltam bares e discotecas com os melhores DJs e o Casino de Vilamoura que nos pode levar a adrenalina ao rubro.
Durante o dia há um sem número de atividades para praticar. Ténis, equitação, vela, windsurf, jet-ski, parasailing, passeios de barco, pesca desportiva, a panóplia é muito variada, o difícil mesmo será escolher. E as águas cálidas e areias douradas estão logo ali. Junto ao pontão leste da Marina, a Praia de Vilamoura com um areal que se prolonga até Quarteira, e do outro lado, a oeste, a Praia da Falésia, que se estende por quilómetros para só terminar nos Olhos de Água garantem muito espaço para estender a toalha e bronzear ao sol. Sem esquecer ótimas condições de segurança e muitos divertimentos para uns dias de sonho à beira-mar.
Navegar na Costa Algarvia
Com cerca de 200 quilómetros de costa, um clima excelente e águas calmas, o Algarve é ótimo para navegar, mesmo não sendo dono de um barco, já que há sempre a hipótese de alugar ou de nos juntarmos aos cruzeiros que dão a conhecer a beleza do litoral.
E conhecer a região a partir do mar é algo completamente diferente, que nos surpreende a cada instante. Dos rochedos dourados em que a erosão esculpiu grutas e formas exuberantes, sobretudo entre Lagos e Albufeira, às falésias avermelhadas e dunas brancas que emolduram amplos areais, a variedade da paisagem é grande. O mar agitado a ocidente, perto de Sagres, aquece e acalma conforme nos dirigimos para leste, tornando esta aventura mais relaxante.
Também há rios navegáveis, como o Arade, que entre Portimão e Silves possui recantos de grande beleza, com fontes de água cristalina, uma vegetação imensa e memórias da presença árabe. Já no extremo leste, a subida do Guadiana é um passeio agradável entre vastas margens, onde podemos avistar moinhos, casas típicas e campos de pastoreio. E pelo meio a Ria Formosa, uma área protegida de sapais, dunas e ilhas quase desertas com areais que parecem não ter fim banhados por águas transparentes.
Podemos conhecer esta diversidade a bordo das pequenas embarcações licenciadas ou nos passeios organizados por diversas empresas. Muitos deles incluem almoço a bordo, ou uma típica sardinhada portuguesa numa baía recatada. E existem também passeios com uma vertente de ecoturismo para observação da fauna e flora no Parque Natural da Ria Formosa e na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António.
Mas para quem está habilitado, não há nada melhor do que navegar ao leme de uma embarcação e descobrir enseadas escondidas entre dunas e falésias, praias desertas e selvagens inacessíveis por terra. Mergulhar nestas paragens debaixo do sol quente do verão algarvio faz-nos sentir no paraíso. E nem é preciso ter barco, já que há diversas empresas que os alugam por algumas horas ou dias. E aqueles que gostam de pescar testando a sua adrenalina ao tentar capturar espécies grandes, encontram no Algarve um bom destino para pesca grossa, sobretudo nas águas mais ocidentais.
Com mar e ventos de feição, encontram-se aqui ótimas condições para a realização de provas de vela que atraem participantes de diversas partes do mundo. Como cenário ou ponto de escala, o Algarve é presença constante nos calendários dos mais prestigiados eventos internacionais da modalidade. E velejar está ao alcance de todos, já que há muitas escolas e clubes náuticos na maioria das cidades e vilas do litoral onde é possível aprender. É outra forma de descobrir o Algarve, basta traçar uma rota, içar velas, soltar amarras e partir à aventura!
Horta: A Marina mais Colorida do Mundo
No Faial a visita à Marina da Horta é obrigatória, pela animação dos iates que ali lançam amarras e pela grande exposição a céu aberto de pinturas feitas no molhe por todos os marinheiros que a visitam.
Esta infraestrutura náutica, inaugurada em 1986, é o prolongamento moderno de um porto e uma baía com importância secular. A marina, com capacidade para 300 embarcações, é atualmente a quarta marina oceânica mais visitada, uma das mais importantes do Mundo e detentora de Bandeira Azul da Europa desde 1987.
A sua localização oferece um excelente abrigo contra os ventos de todas as direções e faz dela uma paragem quase obrigatória para as centenas de iates das mais diversas nacionalidades que aqui fazem escala anual nas suas viagens pelo Atlântico Norte, e também para os veleiros que viajam das Caraíbas em direção ao Mediterrâneo.
Todos os anos aqui se realizam diversas regatas internacionais, normalmente dirigidas à vela oceânica de cruzeiro, com meta ou escala nesta marina, tornando a Horta num ponto de encontro de muitas provas de vela internacionais como Les Sables – Les Açores- Les Sables, Atlantique Pogo, La Route des Hortensias, ARC Europe, Ceuta-Horta, OCC Azores Pursuit Race, entre muitas outras.
Frequentemente associado à marina e aos velejadores está o Peter’s Café Sport, o café mais carismático do Atlântico Norte, que abriu as suas portas pela primeira vez aos navegantes há mais de 80 anos. Hospitalidade e histórias fantásticas do mar temperadas pela simplicidade do povo açoriano, ao ritmo de um gin tónico não faltam neste café. No piso superior ainda podemos visitar o Museu da Arte de Scrimshaw, que contém a maior coleção privada de utensílios e peças de arte esculpidas ou gravadas em osso mandibular e dente de cachalote.
De toda esta movimentação, a Marina da Horta guarda outro motivo de fascínio: o mito das pinturas nas paredes do porto. Ninguém sabe como e quando começou, mas provavelmente um dia, um tripulante de um veleiro ancorado na Horta decidiu que devia deixar uma lembrança pintada, da sua estadia no Faial, no paredão da doca.
A primeira pintura foi seguida por outras, ocupando hoje toda a extensão da parede. As novas são pintadas sobre as antigas e, o que era uma superfície irregular e escura foi transformada num colorido de desenhos e palavras lembrando os muitos iates que têm ancorado na Horta.
Uma superstição começou a circular entre moradores, referindo que as embarcações que, por uma razão ou outra, não conseguiram deixar um registo da sua presença sofreriam acidentes graves. Não vá ser verdade e cada velejador usa o seu pincel e tinta, para esboçar desenhos e palavras, referindo-se ao barco ou à viagem, tendo sido assim criado um gigante mosaico de vivas pinturas murais feitas ao longo das décadas pelas mais diversas tripulações.
A marina da Horta é, também, o ponto de partida dos barcos de observação dos grandes mamíferos marinhos e dos ágeis golfinhos que encontram farto alimento nas águas que rodeiam as ilhas do Faial, Pico e São Jorge. A vocação do Faial para os desportos de mar é completada pela pesca desportiva e pela observação submarina. E tem o seu ponto culminante na Semana do Mar que, em Agosto, junta às regatas de iates e às corridas de canoas baleeiras a alegria de uma festa que anima toda a cidade.
Se a distância constitui um marco inesquecível para qualquer iatista, no caso de terminar a viagem na Marina da Horta, a façanha vem com o bónus de ser cumprida no local onde se respira mar.
Cruzeiros Portugal
O mar é uma via de comunicação natural para chegar a Portugal e um bom ponto de partida para conhecer a história deste país de navegadores.
Aqui aportam barcos de todo o mundo seja pelo Oceano Atlântico, a oeste, ou pela via de acesso ao Mar Mediterrâneo, a sul, e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Neste ponto de ligação entre a Europa e o continente americano, recebe-nos um país com uma longa história e uma cultura milenar.
Quem vem em cruzeiro encontra nas cidades do Porto, Lisboa e Portimão muitos pontos de interesse que vale a pena conhecer. Também Ponta Delgada, na ilha de São Miguel do Arquipélago dos Açores, ou a cidade do Funchal, na ilha da Madeira, recebem os seus visitantes por mar com todo o conforto e simpatia.
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